sábado, 30 de setembro de 2017

Qual a diferença dos casos Aécio e Delcídio. E do contexto político


Parlamentares que votaram pela manutenção da prisão imposta pelo Supremo ao então senador petista, em 2015, agora questionam conduta do tribunal contra o tucano

Senadores Delcídio do Amaral e Aécio Neves


A tribuna do Senado foi ocupada na quarta-feira (27) por parlamentares criticando e defendendo a decisão do Supremo de afastar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) do cargo. A maioria foi a favor do tucano, que responde a acusações por corrupção passiva e obstrução de justiça. Para ministros do tribunal, Aécio deve ser afastado para não atrapalhar as investigações. Entre os críticos da decisão dos ministros do Supremo estava o senador Jorge Viana (PT-AC), partido opositor ao PSDB de Aécio: “Essa decisão não pode ter como resposta o silêncio do Senado, porque foi muito grave, muito grave. Eu não estou aqui para fazer a defesa ou salvar o senador Aécio Neves. Eu acho que nós temos que tentar salvar a Constituição e o Estado democrático de Direito em nosso país” Jorge Viana (PT-AC) senador No âmbito jurídico, a discussão que tem unido até mesmo partidos adversários decorre das leituras divergentes em torno do que a lei determina sobre a proteção do mandato parlamentar e em quais casos o Senado deve se manifestar sobre uma ordem judicial. A rigor, um deputado ou senador só pode ser afastado do cargo se for cassado pelos colegas ou se for preso em flagrante. 


Quando há prisão, ainda assim, a Câmara ou o Senado deve validar a punição. Foi o que ocorreu com o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), em novembro de 2015, suspeito de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato. No caso de recolhimento domiciliar noturno (sanção imposta a Aécio), havia divergências sobre se o Senado deve votar a decisão ou somente acatá-la. 

Em sessão realizada na quinta-feira (28), por 43 votos a favor, 8 contra e 1 abstenção, o Senado decidiu que vai se manifestar sobre a ordem do Supremo. A votação está prevista para terça-feira (2). Diante das manifestações críticas ao tribunal, o resultado mais provável é que a Casa rejeite o pedido de afastamento. 

O que diz a lei 

RECOLHIMENTO E PRISÃO 

De acordo com o Código de Processo Penal, “recolhimento domiciliar no período noturno” é uma medida cautelar alternativa. Do ponto de vista jurídico, é diferente de prisão (quando a liberdade é suprimida) e de prisão domiciliar (em que se deve ficar sempre em casa). A Constituição diz que Câmara e Senado devem validar pedidos de prisão contra parlamentares, mas não faz referência a pedidos de recolhimento noturno, por exemplo. 

DIVERGÊNCIAS 

Até mesmo ministros do Supremo dividem-se sobre a necessidade de o Senado validar o afastamento imposto a Aécio. Uma ação apresentada por três partidos pede que o tribunal delibere, de modo definitivo, sobre quais sanções a parlamentares devem ser submetidas a votações no Congresso. O assunto, portanto, deve voltar em breve ao Supremo. 

O Senado diante de Delcídio e de Aécio 

Parlamentares que agora criticam o Supremo tiveram posicionamento diferente diante do pedido de prisão de Delcídio, cuja decisão também dividiu interpretações entre professores de direito. 

Isso porque o então senador não foi flagrado cometendo um crime. Mas a maioria dos ministros entendeu que Delcídio integrava uma organização criminosa. Esse crime se enquadra no conceito de “crime permanente” e, por essa razão, o flagrante poderia ser feito “a qualquer tempo”. 

Quando o caso foi ao Senado, apenas o PT defendeu que a decisão desrespeitou a Constituição. Os senadores do PSDB, entre eles Aécio, e do PMDB votaram em peso pela prisão de Delcídio. Por 59 votos a favor, 13 contrários e uma abstenção, o parlamentar foi mantido preso. 

“A decisão [pela manutenção da prisão] não poderia ser diferente à luz da Constituição, mas é uma decisão que não alegra a ninguém, nem a nós da oposição” 
Aécio Neves (PSDB-MG) senador e presidente afastado do PSDB, em 25 de novembro de 2015 

Dois anos depois, Aécio afirma que a sanção aplicada a ele é uma “uma condenação sem que processo judicial tenha sido aberto”. 

O senador Aécio Neves aguarda serenamente que seus advogados tomem, dentro dos marcos legais, as providências necessárias a buscar reverter as medidas tomadas sem amparo na Constituição” 
nota divulgada pela assessoria do senador Aécio Neves em 27 de setembro de 2017 

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que votou pela manutenção da prisão do ex-petista, também reagiu à sanção imposta a Aécio: 

“Se a Constituição foi ferida pela decisão, e cabe ao Senado tomar uma decisão baseada na Constituição, obviamente que o Senado vai tomar as providências. A Constituição não tem afastamento de mandato” 
Eunício Oliveira (PMDB-CE) presidente do Senado, em declaração a jornalistas 

Para o vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que também votou contra Delcídio, houve “ativismo judicial” no caso de Aécio. E faz um mea-culpa em relação ao ex-petista: 

“Hoje eu sinto que há um sentimento de remorso em relação a essa decisão tomada no caso do Delcídio” 
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) vice-presidente do Senado, em entrevista ao Blog do Josias

Defendendo coerência de atuação nos dois momentos e ao posicionamento partidário, a bancada do PT afirmou que votará contra a sanção aplicada ao senador tucano, mas que representará contra ele no Conselho de Ética – colegiado do Senado responsável por abrir processos e punir falhas de parlamentares. Em julho, o conselho arquivou pedido para investigar o tucano, flagrado em gravações feitas pelos donos da JBS e base da denúncia contra ele no Supremo. 

O peso do contexto político 

No âmbito político, o debate em torno da decisão contra Aécio ultrapassa as dúvidas jurídicas que recaem sobre o caso. Uma comparação entre o cenário nacional em que o caso do tucano ocorre traz elementos bem diferentes ao período que marcou a prisão de Delcídio, dois anos atrás. 

Como era em 2015 

REAÇÃO DAS RUAS 
Em novembro de 2015, o então senador era líder do governo da presidente Dilma Rousseff (2011-2016). A gestão já sofria forte desgaste político e era alvo de protestos nas ruas. No Congresso, Dilma cada vez mais perdia apoio da base, até mesmo do PMDB, que ocupava diversos ministérios e a vice-Presidência, com Michel Temer. Hoje, com Temer no Planalto, o governo tem a maior rejeição já registrada na história recente do país. Mas não há ninguém na rua protestando. 

LAVA JATO NO INÍCIO 

A operação naquele momento atingia com mais força quadros do PT. No Congresso, deputados e senadores já eram citados na Lava Jato, mas poucas decisões judiciais afetavam a classe política até então. As condenações concentravam-se na primeira instância da Justiça, que não atingiam autoridades com foro privilegiado. No Senado, no dia em que o pedido de prisão de Delcídio foi votado, 13 parlamentares eram alvos de inquérito. 

Como é em 2017 

AÉCIO: DE OPOSITOR A ALIADO 
Até ser flagrado nas delações da JBS, Aécio era presidente nacional do PSDB, partido que afiançou o impeachment de Dilma e apoiou a chegada de Temer ao poder. Mesmo desgastado pelas investigações, Aécio está entre os tucanos que defendem a permanência do PSDB no governo Temer, também ele alvo de denúncias criminais no caso JBS. O presidente, por ora, conta com apoio da maioria do Congresso e não há manifestações fortes para que ele deixe o cargo. Além disso, Temer e PSDB contam com apoio de empresários e do mercado. 

LAVA JATO AVANÇA 
O número de senadores investigados pela Lava Jato saltou de 13, em 2015, para 30, em 2017. Na Câmara, há 63 deputados com inquérito em andamento. De lá para cá, o Ministério Público Federal e a Justiça avançaram em apurações que atingem políticos de peso no cenário político. Além de Aécio e Temer, já há condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contra o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e contra o ex-governador do Rio Sergio Cabral. 

Para parlamentares que defendem a decisão do Supremo no caso de Aécio, as manifestações contrárias são “malandragem jurídica”, nas palavras do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Há quem veja nos questionamentos ao tribunal uma tentativa de autoproteção entre os parlamentares investigados pela Lava Jato, que agora buscariam uma reação com objetivo de “frear” o Judiciário. 

Parlamentares do PSDB e PMDB dizem não se tratar de “salvar” o mandato de Aécio, mas de preservar o trâmite legal dos casos e a separação entre os Poderes.

FONTE: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/09/28/Qual-a-diferen%C3%A7a-dos-casos-A%C3%A9cio-e-Delc%C3%ADdio.-E-do-contexto-pol%C3%ADtico


sábado, 22 de julho de 2017

'Me dá pena, pena pelo Brasil', diz Mujica sobre manobra para salvar Temer na Câmara



Em entrevista à BBC, o ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica afirma que o atual cenário político "gera a imagem de um Brasil muito doente" e lamenta a manobra feita para salvar Michel Temer da denúncia de corrupção passiva oferecida à Câmara pela Procuradoria-Geral da República; "Me dá pena. Pena pelo Brasil por ver o que aconteceu com uma comissão que estava estudando as eventuais acusações, em que tiveram que mudar a composição dessa comissão. E tudo indica que houve muita influência para poder colocar gente que não decepcionasse o governo", disse; ele afirma não acreditar em "nenhuma" nas acusações contra Lula e diz que as reformas do governo Temer representam "mais de 50 anos de atraso"
José Mujica, ex-presidente do Uruguai


 "Me dá pena. Pena pelo Brasil por ver o que aconteceu com uma comissão que estava estudando as eventuais acusações, em que tiveram que mudar a composição dessa comissão. E tudo indica que houve muita influência para poder colocar gente que não decepcionasse o governo".
O lamento é do ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica, que analisa a situação política no Brasil em entrevista à BBC (confira na integra).
Na conversa com a jornalista Marcia Carmo, ele diz não acreditar em "nenhuma" das acusações em que o ex-presidente Lula é réu, critica as delações premiadas no âmbito da Operação Lava Jato e diz que as reformas do governo Temer representam "mais de 50 anos de atraso".
Para ele, "o que está acontecendo no Brasil hoje tem antecedentes". "Eu não posso separar isso da forma como expulsaram Dilma Rousseff da Presidência", avalia. "Porque é evidente que no Brasil tudo ganhou um tom conspirativo de extrema-direita que está atropelando um conjunto de conquistas e melhoras sociais", explica.
Sobre o juiz Sergio Moro, que condenou Lula e sequestrou todos os seus bens, faz a seguinte descrição: "acho que ele está trabalhando no compasso desses setores ultraconservadores e, na verdade, o que se percebe é que pretendem fechar o caminho para a candidatura de Lula, porque de outra forma é difícil que possam evitar que ele vença". 
Mujica diz ainda que há um avanço do "falso moralismo" no País.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

7 coisas que você precisa saber sobre João Doria

Todas as informações contidas neste artigo são públicas e contém informações que foram pesquisadas no Google no dia 
Bill Gates é um dos grandes empreendedores americanos e todo mundo sabe o que a empresa dele produz. João Doria, também é tido como um dos “grandes empreendedores do Brasil”, mas nós não sabemos exatamente o que suas empresas produzem. Sendo assim fomos pesquisar para saber qual é o “Windows” do “Grupo Doria”,  qual é o grande produto que alavancou o nome de Doria para o panteão do empreendedorismo nacional e por sua vez à prefeitura de São Paulo.
Descobrimos coisas muito interessantes sobre o prefeito. Confira abaixo!

1 – O SITE DO GRUPO DORIA AINDA ESTÁ EM CONSTRUÇÃO

Com a rotina corrida de acordar cedo pra varrer as ruas de São Paulo,  João Doria talvez ainda não tenha conseguido tempo útil para delegar que uma equipe termine o site do seu “grupo empresarial”. De qualquer forma, o site em construção hospedado sob o endereço https://www.grupodoria.com.br/ nos deu uma pista para nossa segunda descoberta.

2 – SUA PRINCIPAL “EMPRESA”,  LIDE “GLOBAL” POSSUI UNIDADES EM 15 PAÍSES, MAS AINDA NÃO TEM SITE EM INGLÊS.

Pelo site oficial do Grupo Doria nós não descobrimos exatamente o que suas empresas fazem, então seguimos para o site indicado, que parece não ser exatamente de uma empresa, mas de um “grupo de empresários”, o LIDE “uma organização de caráter privado, que reúne empresários em diversos países.” diz a publicação.  O grupo LIDE se diz “GLOBAL”, diz ter atuação em diversos países, mas ainda não possui um site em inglês. Você conhece alguma empresa ou entidade com atuação global que não tenha ao menos um website em inglês? Nós também não, mas se encontrar indique lá nos comentários.  Site:  https://www.lideglobal.com/
A curiosidade só aumentou e isso nos levou para o item a seguir.


3 – ELE VIAJA EM UM JATO PRÓPRIO QUE NÃO FOI DECLARADO AO TSE.

Pesquisando as últimas notícias sobre o prefeito, descobrimos na coluna da jornalista Mônica Bergamo na Folha de São Paulo,  que ele anda viajando pelo mundo em seu jato particular. Diz a coluna: “O prefeito de São Paulo, João Doria, decidiu viajar pelo mundo, mesmo a trabalho, em seu próprio jato particular. (…)  Doria partiu em seu Legacy 650, de preço estimado em US$ 30 milhões, para visitar o papa Francisco em Roma. (…)  O jato, da Embraer, tem o prefixo PR-JDJ –as iniciais de João Doria Junior.”
No site da ANAC, descobrimos que o avião está em situação de alienação fiduciária e pertence à DORIA ADMINISTRACAO DE BENS LTDA,  que declarou um patrimônio de 34 milhões ao TSE.  O jato modelo “Embraer Legacy 650” está avaliado em aproximadamente R$ 90 milhões (US$30 milhões)
Todos os bens da declaração ao TSE somam 179 milhões e você pode acessá-la aqui:
http://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2016/2/71072/250000004975/bens
Só o valor do jato representa metade de todo o valor declarado, o que nos levou a nos levou pesquisar e chegar ao próximo item.

4 – SEGUNDO MATÉRIA DO ESTADÃO, ELE TAMBÉM NÃO DECLAROU 2 APARTAMENTOS EM MIAMI, UM DELES EM NOME DE UMA OFF-SHORE REGISTRADA PELA MOSSAK FONSECA, AQUELA DO PANAMA PAPERS

O apartamento também não declarado, vale US$ 11,2 milhões e fica em uma área nobre de Miami. Segundo a matéria do Estadão, o prefeito ainda possui um outro apartamento, também não declarado que vale US$ 243 mil e foi adquirido por meio de uma empresa offshore aberta pela Mossack Fonseca, empresa envolvida no escândalo do Panama Papers.  Ainda segundo a reportagem do Estadão a casa onde mora o prefeito foi subvalorizada na declaração de bens enviada ao TSE. O imóvel declarado por R$ 12,4 milhões, valeria ao menos 3 vezes mais.
Para os advogados de Doria, a declaração de bens à Justiça Eleitoral foi feita de acordo com a lei, mas segundo os nossos cálculos ou de qualquer um que saiba fazer contas, os bens NÃO declarados somam quase o mesmo valor do que foi declarado ou seja, Doria não declarou no mínimo 50% do valor total de todos os seus bens.
Fomos pesquisar então o que fazem suas empresas para arrecadar tanto e você confere no próximo item.

5 – AS EMPRESAS DE DORIA “EMPREENDEM” EM “PARCERIA” COM O ESTADO

Os seguidores do prefeito adoram falar em “Estado Mínimo” e usam como exemplo a “gestão” e “eficiência” e principalmente o corte de gastos, e nós concordamos que o dinheiro do povo não deva ser gasto com banalidades, como as revistas de coluna social que são publicadas pela Doria Editora por exemplo.  Mas as empresas do “Grupo Doria” fazem “sucesso” em muitas “parcerias” com o Estado.  São milhões de reais gastos em publicações desconhecidas por 99% das pessoas que pagam impostos no Brasil.
Segundo matéria publicada no portal UOL, os governos tucanos repassaram R$ 10,1 milhões a empresas de Doria desde 2010, porém, nem só de verba tucana vivem as empresas de “João Trabalhador”.  Com pelos menos 7 CNPJs elas aparecem como fornecedoras de diversas empresas e órgãos ligados à governos estaduais e também em pagamentos do governo federal. Você mesmo pode pesquisar jogando os CNPJs no Google e obviamente só irá encontrar o que foi publicado em portais de transparência.
Para ajudar nessa tarefa, listamos abaixo alguns pagamentos e o nome das empresas com seus respectivos CNPJs, cada um com link para a busca do Google.
Doria Administração e Eventos LTDA  – CNPJ: 01.409.348/0001-08
É a empresa a qual está registrado o Jato Legacy 650 que não foi declarado ao TSE. Este CNPJ aparece em diversos pagamentos do governo federal no portal da transparência como nos exemplos abaixo.
Doria Editora Ltda. –   CNPJ: 11.704.394/0001-85A Doria Editora, que também não tem site nem página no Facebook, possui publicações “direcionadas a leitores exigentes”, segundo perfil publicado na plataforma Issu.  “São dezesseis revistas, destas, onze direcionadas ao mundo corporativo, economia e negócios, e cinco voltadas a estilo de vida, comportamento, gastronomia, viagens e alto luxo”, ostenta a descrição.
O CNPJ ligado a editora, aparece em diversos pagamentos, em diversas empresas e órgãos estatais como a Embratur, o Banco do Brasil, os Correios , Caixa Econômica FederalSecretaria de Comunicação do Governo de SPlista de fornecedores do Governo de Mato Grosso,  Secretaria de Comunicação do Governo da BahiaMinistério do EsporteCompanhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais,  e aparece também em listas de pagamentos da SECOM ( Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República) de 2011, durante o governo Dilma que comprou milhares de reais em publicidade na revista Fórum e Negócios. O site da revista está fora do ar: http://www.doriassociados.com.br/revista-forum-negocios.html
Doria Eventos Internacionais Ltda – CNPJ: 11.460.578/0001-47
Não tem site, nem em português, mas o CNPJ também aparece em pagamentos no Portal da Transparência
Doria Associados Consultoria Ltda – CNPJ: 11.448.516/0001-10
O site da empresa ( http://www.doriassociados.com.br) redireciona para o site da LIDE Global e seu CNPJ aparece em pagamentos de diversas empresas e órgãos estatais. O principal é a Agência de Desenvolvimento do Governo Paulista, Desenvolve SP.
Lide — Grupo de Líderes Empresariais –  CNPJ: 19.248.787/0001-33 
Segundo o site, que não possui versão em inglês, o Lide é um grupo de Líderes Empresariais que atua em 15 países. Seu CNPJ aparece nos pagamentos da Agência de Desenvolvimento do Governo Paulista.
D.Empreendimentos Eireli – CNPJ: 12.086.271/0001-90Uma empresa de empreendimentos que não possui website.
Max Marketing e Producoes Ltda – CNPJ: 47.837.885/0001-41
Uma empresa de Marketing que não possui website.
A “influente” página do Grupo Doria no Facebook, possui apenas 11.000 curtidas e traz em seus posts as capas das revistas da editora. Os últimos posts possuem em média menos de 20 curtidas cada.
As publicações e eventos promovidos pelas empresas de Doria parecem servir apenas para alimentar e evidenciar o circulo que envolve empresários e políticos e nos levam para o próximo item.

6 – PARA UM CACIQUE DE SEU PRÓPRIO PARTIDO, DORIA NÃO PASSA DE UM LOBISTA.

Em um artigo intitulado, Para conhecer melhor João Doria, Alberto Goldman, vice presidente do PSDB e que já ocupou a vaga de vice-governador do Estado de São Paulo, diz o que em nossa pesquisa ficou bastante evidente: ” Dória se diz empresário.  Tem várias empresas, é verdade, e divulga em seu material de propaganda que, através delas, é um dos principais geradores de negócios do Brasil.  No entanto, como empresas de eventos, não produzem qualquer bem ou serviço diretamente, apenas estabelecem e ampliam relações entre empresários e agentes públicos (deputados, senadores, secretários, ministros, governadores), atividade lícita que se chama de lobby.”
Como exímio lobista e marqueteiro, Doria parece não dar ponto sem nó. Criou uma verdadeira máquina que marketing e eventos, cujo principal objetivo é reunir empresários e políticos e com isso, vender seus serviços para ambos. Assim chegou até a prefeitura de SP com a imagem de “empreendedor de sucesso” que criou através de muito marketing em suas próprias publicações e programas de TV, o que nos leva ao nosso último item.

7- É 100% MARKETING

Mansões, jatos, festas e tudo o que o dinheiro possa comprar, formam o imaginário do “empreendedor de sucesso”, mesmo que esse sucesso dependa também de verbas gordas do Estado.  O que importa é a imagem, e um homem de sucesso deve ter uma adega de vinhos cinematográfica, mesmo não sendo apreciador de vinhos.  Doria construiu a dele com garrafas emprestadas do consultor de vinhos Elídio Lopes, que virou notícia quando tentou sem sucesso reaver US$ 84 mil (cerca de R$ 265 mil) em garrafas que cedeu para a adega do prefeito.
Com essa mesma receita da adega fake, Doria começou a sua campanha para presidência da república desde o primeiro dia na prefeitura de São Paulo. Vendendo a imagem do “não político” e do “empreendedor bem sucedido” em meio a maior crise de representatividade da história do Brasil, caiu como uma luva e encantou os patriotas que desfilaram com a camiseta da CBF, um dos maiores símbolos da esculhambação nacional.
Sua última jogada de marketing ( enquanto escrevemos esse artigo) é a DronePol, um “sistema de monitoramento de segurança” feito através de drones. Para isso recebeu uma “doação” de 5 drones, 4 deles modelo DJI Phanton 4.  Segundo o site da prefeitura a doação dos equipamentos foi feita pela fabricante chinesa Dahua Technology e foi estimada em cerca de “R$ 650 mil” em equipamentos.   Cada drone DJI Phanton 4 custa US$ 1.500 cada, o que dá por volta de R$ 20.000.  O outro Drone, a nota da prefeitura diz ser da fabricante “Dahua Technology” cujo modelo é “Dahua Technology X820”,  mas nós não encontramos no Google nenhum drone dessa marca à venda , sendo assim não conseguimos saber onde foi diluído esse total de “R$ 650 mil”.
Para os desatentos, a ideia parece promissora e passa a imagem de que o prefeito é antenado ao que há de mais moderno. Porém, qualquer adolescente sabe para o que servem drones como o DJI Phantom por exemplo, cujo as baterias não duram mais de 28 minutos, uma autonomia de voo que serve apenas para fazer registros panorâmicos de imagens aéreas, pois as câmeras não possuem zoom. Os drones de “monitoramento de segurança” de Doria, não irão monitorar nada, poderão no máximo fazer belas imagens aéreas de SP, nada mais.


sexta-feira, 24 de março de 2017

Os 10 papas mais infames da História

Massacres, prostituição, assassinatos, estupros e até a venda do Trono de Pedro - tudo já foi possível


cularmente ruins praguejaram a Igreja do século 10 ao 16. Nessa época, havia uma enorme promiscuidade entre a política dos nobres e a da Igreja, e pessoas sem qualquer formação religiosa - ou sequer interesse na vida religiosa - podiam chegar ao Trono de Pedro. A corrupção desses papas seria um dos motivadores da Reforma Protestante. E a Reforma mudaria a dinâmica do poder entre reis e papas, também pondo uma enorme pressão sobre a Igreja Católica, encerrando a era dos escândalos.

10. Alexandre VI (1492-1503): Negócio em família
Membro da família Bórgia, comprou o título, subornando os cardeais. Foi um investimento: por todo seu papado – no qual, aliás, gerou 7 filhos bastardos – desviou dinheiro para a família, vendeu posições eclesiásticas, e mandou matar “hereges” para confiscar sua propriedade. Na imaginação popular, ainda hoje "Bórgia" é sinônimo de libertinagem - a lenda mais picante é que teria cometido incesto com a própria filha. Mas foi também um grande patrono das artes e aceitou em Roma os judeus expulsos da Espanha em 1492.

9. Urbano VI (1378-1389): Choro e ranger de dentes
Seu problema era a falta de diplomacia. Austero e propenso a ataques de fúria, era tão detestado que os cardeais elegeram um segundo papa em seu mandato. Isso deu início ao Cisma do Ocidente, quando o catolicismo teve dois líderes rivais, entre 1378 e 1417  - causando até mesmo uma guerra civil em Portugal, entre facções que apoiavam papas rivais. Sua "solução" foi mandar torturar os cardeais que o rejeitaram, reclamando que não ouvia gritos o suficiente. 

8. Leão X (1513-1521): Papado ostentação
Na inauguração de seu mandato, ele mandou pintar um menino em ouro e fazê-lo desfilar em Roma, anunciando uma nova "Era Dourada". A criança morreu, mas a festa continuou. Esse seria seu crime: a ostentação. Da família Médici, foi criado desde criança para a carreira religiosa, e não parece ter passado por escândalos sexuais. Mas arruinou os cofres da Igreja com sua gastança em arte e arquitetura. O que levou à ideia de cobrar indulgências, pedir dinheiro para absolver os pecados, revoltando certo monge alemão chamado Martinho Lutero. O papa finório nem se incomodou em defender a Igreja do ataque, e o cristianismo seria dividido até hoje.

7. Bonifácio VIII (1294-1303): Ele queria dominar o mundo (e era ateu)
Séculos antes, um papa tinha o complexo que seria chamado "de Napoleão". Declarou o poder absoluto do pontífice sobre todos os outros governantes. Com seu exército, saqueou e queimou a cidade de Palestrina em 1298, fazendo 6 mil mortos. Foi deposto militarmente pelos franceses. Curiosamente para quem queria o papa como imperador do mundo, parece que não acreditava em Deus. Segundo o historiador britânico John McCabe, ele teria afirmado diante de bispos, arcebispos e um rei:"Nunca existiu jesus e a hóstia é só água e farinha. Maria não era mais virgem que minha própria mãe e não existe mais problema em adultério que em esfregar uma mão na outra".

6. Clemente VII (1523-1534): O destruidor acidental da Renascença
Outro com tara por guerra. Membro da família Médici, suas maquinações políticas levaram à Guerra da Liga de Cognac, em que franceses e italianos enfrentaram espanhóis e alemães. Em 1527, uma tropa alemã-espanhola se amotinou com a falta de pagamento e rumou para Roma, que foi saqueada e arruinada. Com isso, Clemente seria o maior responsável pelo fim da  Renascença italiana. 

5. Inocente IV (1243-1254): O pai da tortura
Este não foi condenado por seus contemporâneos. Não se envolveu em nenhum escândalo e o que fez era considerado perfeitamente sensato. Mandou confiscar e queimar todos os talmudes, o livro sagrado extra-bíblico dos judeus - mas tentou evitar que eles fossem linchados pelo populacho e exigiu que os cruzados não os massacrassem. Mas a parte mais influente de seu legado seria a bula Ad Extirpanda, de 1252. Ela autorizou e regulamentou o uso de tortura pela Inquisição. A regra era que não podia haver mortes ou amputações, e que as execuções seriam feitas por autoridades seculares - que podiam confiscar a propriedade como ressarcimento pelo serviço prestado - não é difícil imaginar a que isso levou: condenações por "heresia" por puro interesse econômico.

4. João XII (955-964):  O papa Ricardão
Num sínodo, em 963, foi acusado de: inúmeros atos de fornicação, incluindo com sua sobrinha; ter estuprado peregrinas; castrado um padre e cegado outro; fazer brindes aos deuses e ao diabo. Enfim, vivia como um astro de heavy metal. Convocou um sínodo para declarar a si mesmo inocente e mandou mutilar ou matar seus acusadores. Acabou morto por um marido ciumento . 

3. Estêvão VI (896-897): Reanimator
Para agradar aliados políticos, mandou escavar o corpo putrefato do seu pré-antecessor, o papa Formoso, e o pôs num trono para que fosse julgado, no que ficou conhecido como Sínodo do Cadáver. Condenado, o corpo teve os dedos cortados, para que todas suas bênçãos fossem consideradas inválidas. Foi enterrado, desenterrado outra vez e atirado ao rio Tibre. O julgamento causou escândalo e o papa foi preso e estrangulado meses depois.

2. Sérgio III (904-911): Reanimator II - A paródia pornô
Julgar cadáveres não era suficiente para Sérgio, que mandou executar seus dois antecessores. Não suficiente porque ele, de fato, julgou: mandou desenterrar outra vez o pobre Formoso, anulou outra vez todas suas decisões e providenciou um túmulo mais honrado para Estêvão, que havia morrido em desgraça. Era também um grande festeiro: seu papado foi o início da “pornocracia”, o domínio das prostitutas com que os papas se cercavam. Com uma delas, Sérgio teve um filho, que se tornaria o papa João XI (não nesta lista, felizmente).

1. Benedito IX (1032 − 1044, 1045, 1047 – 1048): O vendedor do Trono de Pedro
A razão da pilha de números acima é que o Benedito vendeu seu papado e se arrependeu. O trono papal foi um presente de seu pai, que comprou ou pressionou os cardeais a colocarem ele "na fila". Assumiu pela primeira vez aos 20 anos. Acumulando escândalos e decidido a casar, ofereceu a cadeira a seu padrinho, o padre Giovanni Gratian - ao custo de suas "despesas" com a eleição. Como o casamento não deu certo, voltou à Roma e conquistou a cidade militarmente. Expulso, faria mais uma vez. Foi acusado de assassinatos, estupros, bestialidade, sodomia... enfim, a ficha-corrida média dos piores papas de seu tempo.
fonte: http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/os-10-papas-mais-infames-da-historia.phtml#.WNVe_VUrL3i

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Carnaval não é feriado

Não há lei federal que considere o carnaval como feriado, exceto leis municipais ou estaduais.

A Lei n° 9.093/1995 que dispõe sobre os feriados, prevê em seu art. 1° os feriados civis, sendo eles os declarados em lei federal e também a data magna do Estado fixada em lei estadual, além dos dias do início e do término do ano do centenário de fundação do Município, fixados em lei municipal.
Por sua vez, a referida Lei em seu art. 2° dispõe sobre os feriados religiosos, sendo esses os dias de guarda, declarados em lei municipal, de acordo com a tradição local e em número não superior a quatro, neste incluída a Sexta-Feira da Paixão.

Neste contexto, a Lei n° 10.607/2002, dando nova redação ao art. 1° da Lei n° 662/1949, declara como feriados nacionais os dias 1° de janeiro (Confraternização Universal), 21 de abril (Tiradentes), 1° de maio (Dia do Trabalhador), 7 de setembro (Independência), 2 de novembro (Finados), 15 de novembro (Proclamação da República) e 25 de dezembro (Natal).
Ainda, a Lei n° 6.802/1980 declara como feriado nacional o dia 12 de outubro, para culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.
Destaca-se que não há lei federal que considere o carnaval como feriado, exceto leis municipais ou estaduais. Assim sendo, deve-se observar se na sua cidade o carnaval é feriado municipal ou não.
Na maior parte do país, a terça-feira de Carnaval é considerada ponto facultativo. Em SC, o Decreto n° 1.034/2017, fixa o calendário de feriados e pontos facultativos do ano de 2017 para os órgãos e as entidades da administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo estadual, prevendo como ponto facultativo o carnaval e a quarta-feira de cinzas (até às 13h).
No munícipio de São José/SC, o carnaval é considerado ponto facultativo, a teor das disposições contidas no Decreto nº 7.401/2017, bem como também o dia 1º de março, quarta-feira de cinzas. Da mesma forma, é a legislação do município de Palhoça/SC, onde o Decreto n° 2.117/2017 também prevê como ponto facultativo o carnaval e a quarta-feira de cinzas (até as 13h).
Para quem precisa trabalhar nesses dias de carnaval é bom ficar atento! O valor do dia de trabalho deverá ser feito pelo valor normal e não de forma dobrada, como acontece nos feriados trabalhados. No caso de falta ao trabalho neste período, poderá ser descontado o dia de ausência, além do correspondente ao DSR (descanso semanal remunerado), que é concedido geralmente aos domingos.
Por outro lado, o empregador optando pela dispensa do empregado, seja por liberalidade ou por cumprimento de acordo coletivo, não poderá descontar dele o dia remuneração.
fonte:BACK, Caroline Back Ristow. Carnaval não é feriado. Fique atento! Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 22, n. 4989, 27 fev. 2017. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/56101>. Acesso em: 28 fev. 2017

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Jurídico, político e controverso, Alexandre de Moraes chega ao Supremo

  • Lilian Venturini
  •  06 Fev 2017 (atualizado 06/Fev 22h43)

    Temer nomeia ministro da Justiça para a vaga deixada por Teori Zavascki e coloca na mais alta corte do país um ex-promotor filiado ao PSDB e próximo de Geraldo Alckmin

    Ministro da Justiça Alexandre de Moraes

    O presidente Michel Temer indicou nesta segunda-feira (6) seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para ocupar uma das 11 cadeiras do Supremo Tribunal Federal, em vaga aberta após a morte em um acidente aéreo de Teori Zavascki em janeiro.
    De perfil político, filiado ao PSDB e próximo do peemedebista Temer e do governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, Moraes é livre-docente em direito, autor de ao menos 60 livros jurídicos e ex-promotor de Justiça.
    Os ministros do Supremo são indicados pelo presidente da República e precisam ser aprovados pelo Senado. A Constituição exige apenas que o indicado tenha acima de 35 anos, “notável saber jurídico e reputação ilibada”.
    A menos que algum dos outros dez ministros peça para deixar a vaga, esta será a única indicação de Temer para a mais alta corte do país em seu mandato, iniciado em maio de 2016, em razão do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
    Entre os atuais ministros do Supremo, quatro foram indicados por Dilma, três por Luiz Inácio Lula da Silva e outros três indicados respectivamente por Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney.

    Carreira jurídica e política se misturam

    Ser ministro do Supremo estava entre os objetivos de vida de Moraes. Se a nomeação for aprovada, ele conquistará o posto aos 49 anos e, se desejar, pode ficar até a idade-limite para aposentadoria, aos 75 anos.
    Será o integrante mais novo da atual composição e o revisor das ações da Lava Jato, cuja relatoria agora é do ministro Edson Fachin. No Supremo, a Lava Jato atinge parlamentares e ministros, parte deles ligados ao PMDB. O próprio Temer é citado em delações premiadas.
    Ao longo de sua formação, o atual ministro da Justiça especializou-se em temas como a Constituição e a legislação penal. Entre a sua graduação em direito na USP (Universidade de São Paulo) até hoje, vão-se 27 anos de carreira jurídica. Mas boa parte dela foi intermediada por outra atividade, a política.
    À frente dos cargos que ocupou em diferentes gestões, ele agradou dirigentes. Por outro lado, ele também acumulou críticas de entidades e de representantes da área de segurança pública, para quem Moraes recorria a medidas ultrapassadas e controversas, como o enfoque na ação policial para o combate à violência.

    Um político no Supremo

    FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
    Reunião do Núcleo Institucional do governo após massacre de Manaus
     TEMER CONVERSA COM MORAES EM REUNIÃO SOBRE SISTEMA PRISIONAL NO PAÍS
    O ministro tucano chegará para sua nova função após ficar em evidência em razão da recente crise carcerária e de sua proximidade com Temer. A despeito das críticas dirigidas a Moraes na gestão da crise, o peemedebista se mostrava satisfeito com o trabalho do tucano.
    Ao formalizar a indicação, o presidente destacou as “sólidas credenciais acadêmicas e profissionais” do futuro ministro.
    Antes de ser filiado ao PSDB, partido em que ingressou em 2015, Moraes foi filiado ao PMDB. Se assumir a vaga da Corte, terá de se desfiliar da legenda.
    Ele não será o primeiro ministro com histórico de filiação partidária. Ayres Britto, por exemplo, foi filiado ao PT, mas já não fazia parte dos quadros do partido quando foi indicado, em 2003.
    Outros juízes já haviam ocupado cargos de confiança em órgãos do governo federal antes da indicação ao Supremo, a exemplo de Gilmar Mendes. Ele desempenhou funções na Subsecretaria-Geral da Presidência, no Ministério da Justiça e foi advogado-geral da União no governo do ex-presidente Fernando Henrique (PSDB) – que o indicou para o Supremo, em 2002.
    Também é o caso de Dias Toffoli, ex-advogado-geral do governo Luiz Inácio Lula da Silva (ele foi ainda advogado do PT durante campanhas eleitorais). Toffoli foi indicado ao Supremo pelo próprio Lula e passou a integrar a mais alta corte do país em 2009.
    Quando defendeu sua tese de doutorado, em 2000, Moraes afirmou que ocupantes de “cargo de confiança” do presidente da República deveriam ter a nomeação proibida para evitar questionamentos à independência da Corte, conforme contou reportagem de “O Estado de S. Paulo” de domingo (5).
    Como ministro da Justiça, ocupa um cargo de confiança de Temer. Moraes não falou ao jornal sobre sua atual opinião a respeito do tema.

    Na política por mãos tucanas

    FOTO: CIETE SILVÉRIO/SECOM-SP - 08.ABR.2016
    Alckmin concede entrevista, acompanhado pelo então secretário Alexandre de Moraes
     GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN CONCEDE ENTREVISTA COLETIVA
    A carreira política de Moraes começou em São Paulo, em 2002, ano em que deixou a promotoria para se tornar secretário de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania (2002-2005). Nesse período, Moraes também presidiu a Fundação Casa (extinta Febem), entre 2004 e 2005, quando havia registros constantes de rebeliões e fugas.
    Eram os primeiros anos de Geraldo Alckmin (PSDB) como governador. O cargo marcaria o início da relação entre Moraes e Alckmin, quem, de de certa forma, foi responsável pelos caminhos futuros do então secretário na política.
    “São 13 anos de convívio e de amizade. Posso dizer que eu me tornei um amigo do governador e da família, a minha esposa é amiga da dona Lu (Maria Lúcia Guimarães Ribeiro Alckmin, esposa do tucano). O governador é um homem público excepcional. É um prazer trabalhar com ele”
    Alexandre de Moraes
    em declaração ao Nexo, publicada em dezembro de 2015
    Após sua estreia como secretário, Moraes intercalou postos políticos com a carreira jurídica. Quando deixou o governo Alckmin, integrou a primeira composição do Conselho Nacional de Justiça, espécie de órgão fiscalizador do Judiciário. Sua passagem ficou marcada pela aprovação da resolução que proíbe o nepotismo em órgãos do Judiciário.
    Dois anos depois, em 2007, voltou à vida pública, dessa vez como secretário municipal de Transportes de São Paulo na gestão Kassab (2006-2012). Além da pasta, respondia ainda pela gestão da SPTrans, da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da Secretaria de Serviços. O acúmulo de funções lhe rendeu a alcunha de “supersecretário” de Kassab, já que respondia por alguns dos mais altos contratos municipais.
    Ele deixou o cargo em 2010 por divergências com o então prefeito e abriu um escritório de advocacia. Ele e sua equipe atuaram em causas de empresas, políticos (como o ex-deputado Eduardo Cunha, PMDB-RJ) e associações, uma delas suspeitas de ser um braço organizado do PCC(Primeiro Comando da Capital).
    Quatro anos depois, pelas mãos de Alckmin novamente, Moraes voltou à política em 2015, como secretário de Estado da Segurança Pública de São Paulo. A atuação fez com que mais de uma vez seu nome fosse cotado para disputar cargos eletivos pelo PSDB.

    Foco na segurança pública

    FOTO: REPRODUÇÃO/SECRETARÍA NACIONAL ANTIDROGAS PY
    Alexandre de Moraes corta pés de maconha no Paraguai
     ALEXANDRE DE MORAES CORTA PÉS DE MACONHA NO PARAGUAI
    Estar à frente de uma das pastas mais sensíveis do governo paulista colocou Moraes de novo em evidência e reforçou sua ligação com a área da segurança pública, característica que levou também para a sua gestão no Ministério da Justiça.
    Como secretário, entre janeiro de 2015 e maio de 2016, adotou forte discurso de combate à violência, fundamentado principalmente no uso da força policial, método questionado atualmente por pesquisadores da área por ser considerado pouco efetivo no longo prazo.
    Seu objetivo era tentar baixar os índices de homicídios e roubos no Estado. A metodologia adotada, no entanto, foi questionada por entidades do setor, para quem a gestão maquiava os resultados.
    Parte de sua gestão também ficou marcada pela resposta violenta a protestos de movimentos sociais, como atos de estudantes contra reajuste das tarifas do transporte e atos contrários ao impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
    “Eu não diria que foram manifestações [os atos contra o impeachment]. Foram atos que não configuram uma manifestação porque não tinham nada a pleitear. Tinham, sim, a atrapalhar a cidade. Eles agiram como atos de guerrilha”
    Alexandre de Moraes
    então secretário de Segurança de SP, em maio de 2016
    A declaração acima foi feita em 10 de maio de 2016. Em 12 de maio Dilma foi afastada temporariamente pelo Senado, Temer assumiu a Presidência e apresentou sua equipe ministerial. Moraes foi anunciado ministro da Justiça.
    A indicação partiu de Alckmin, mas Moraes era um nome que também agradava Temer. O novo titular levou para o ministério seu perfil de secretário de Segurança Pública. Manteve o discurso pela defesa da ordem em casos de protestos e chegou a cortar pés de maconha com um facão para simbolizar sua política de repressão ao tráfico de drogas.
    No auge da crise carcerária, ele apresentou um Plano Nacional de Segurança, mas as propostas foram criticadas por entidades e pesquisadores, para quem as medidas eram paliativas. Metade do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, vinculado à Justiça, pediu demissão por discordar das ações do ministro.
    Temer não se manifestou sobre a reação dos membros do conselho. Na sexta-feira (3), em outro sinal de apreço ao trabalho realizado por Moraes, mudou o nome da pasta, que passou a se chamar Ministério da Justiça e da Segurança Pública.
    FONTE: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/02/06/Jur%C3%ADdico-pol%C3%ADtico-e-controverso-Alexandre-de-Moraes-chega-ao-Supremo?utm_campaign=a_nexo_201727&utm_medium=email&utm_source=RD+Station