sexta-feira, 23 de maio de 2014

Supremo vai investigar se Sarney foi beneficiado em saque no banco Santos

DE BRASÍLIA
23/05/2014 11h27


O STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu pedido de
investigação do senador José Sarney (PMDB-AP) por
suposta irregularidade em episódio envolvendo o
Banco Santos.
O inquérito foi distribuído ao ministro Dias Toffoli
que já enviou o material para a manifestação do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O processo foi enviado pela Justiça Federal de São Paulo. Em fevereiro, o
Ministério Público Federal em São Paulo informou ter elementos concretos de
possível prática de delito de Sarney por sua ligação pessoal com o banqueiro
Edemar Cid Ferreira, controlador do banco. Ele teria feito um saque de R$ 2
milhões um dia antes de o Banco Central decretar intervenção na instituição,
em 2004. Sarney será investigado no Supremo porque ele tem foro
privilegiado.
Na época, a assessoria de Sarney confirmou que ele recebeu o dono da
instituição para uma reunião extra-agenda, na Presidência do Senado.
Edemar Cid Ferreira estava em Brasília tentando salvar seu banco.
Uma ação na na 6ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo apura se o
banqueiro Edemar Cid Ferreira cometeu crimes contra o sistema financeiro
no Banco Santos.
O banqueiro já foi condenado a 21 anos de prisão por crimes como gestão
fraudulenta, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, mas recorreu.
Sarney já declarou que não teve informações privilegiadas e que isso foi
referendando pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/05/1458884-supremo-vai-investigar-se-sarney-foi-beneficiado-em-saque-no-banco-santos.shtml

Ex-secretário de Segurança de São Paulo admite execução da PM

Ferreira Pinto: “O Estado não pode abrir mão de sua autoridade”

PM
Em entrevista inédita à Pública, ex-secretário de Segurança de São Paulo admite execução da PM e diz que a polícia paulista é “insensível” a lesão corporal e crimes contra a vida: “Violenta ela é”
por Agência Pública — publicado 23/05/2014 04:45, última modificação 23/05/2014 04:54
Por Fausto Salvadori e William Cardoso*
O ex-secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, conversou com os repórteres da Agência Pública durante cerca de três horas no hall de um hotel da zona sul da capital, no fim de abril. Tranquilo, afirmou que não existem grupos de extermínio na Polícia Militar e que não se pode colocar “na conta” da PM todos os assassinatos ocorridos na periferia em 2012.
Apesar das ressalvas, o ex-secretário disse que os policiais se tornam “um pouco insensíveis com relação a lesão corporal, a crimes contra a vida” e que não há dúvida de que Anderson Minhano – integrante do PCC morto em maio de 2012 – foi executado por três integrantes da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), na ação que deu combustível à guerra.
Durante a entrevista, Ferreira Pinto justificou as escutas telefônicas e o uso da Rota na parte final das investigações de combate ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Também disse que sua permanência nunca foi uma escolha pessoal do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e que considera “um feito” ter ficado por três anos e nove meses no comando da SSP. Sobre a atual gestão, o ex-secretário falou que o Estado não pode ser frouxo e que, quando diz que diminuiu a letalidade policial, “está impedindo que a PM vá para o confronto” e “preservando a vida do bandido”.
Agência Pública: Como o senhor lidou com o crime organizado quando foi secretário da Segurança Pública?
Ferreira Pinto: A principal medida foi colocar a Policia Militar para fazer a última parte de um processo que é muito longo. O Ministério Público tem que pedir ao juiz a interceptação telefônica. O juiz autoriza a interceptação telefônica daqueles presos em que há indícios de que estão envolvidos com ações criminosas. Daí, tem todo um caminho de investigação e o momento adequado de fazer a prisão. Essa prisão vinha sendo feita de uma forma que deixava muito a desejar por alguns segmentos do Deic, que prefiro não falar nomes. Nós fizemos esse combate com a Rota.
AP: A Rota foi colocada à frente do combate ao crime organizado?
FP: A Rota fez a parte final, depois do acompanhamento da escuta telefônica. E não tinha escuta clandestina, porque você tem que pedir ao juiz para autorizar junto às operadoras. Ela só é feita pelo Ministério Público. Era uma interlocução: Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime, do MP] e Polícia Militar. E nunca a Polícia Civil foi afastada desse processo. Na hora que prendia esses caras, se fosse portando droga, iam para o Denarc [Departamento de Investigações sobre Narcóticos]. A partir daí, as investigações eram do Denarc. E muitas elucidações foram ricamente acrescentadas em razão do trabalho feito por Wagner Giudice [delegado diretor do Denarc] e por [delegado Antonio de Assunção de] Olim no Denarc. E pelo [delegado diretor] Nelson [Guimarães] no Deic, quando era armamento pesado ou outro tipo de apreensão.
APIsso entra na questão de o senhor ter privilegiado a Polícia Militar em relação à civil, como muitos dizem.
FP: Isso aí é uma mentira absurda. Eu tirei a escolta da Polícia Civil. Tirei o termo circunstanciado da polícia Militar. Determinei que a apuração da resistência seguida de morte fosse pela Polícia Civil. Determinei que PM autor de homicídio tem que apresentar a ocorrência e as armas para perícia no distrito policial. Onde que, com essas medidas, eu sou contra a Polícia Civil? Incomodei muita gente. Aqueles que eu incomodei tentam achar algum pretexto para dizer que havia uma tendência para a PM. Pelo contrário, tenho muitas dificuldades com a PM por causa das medidas que tomei. Naquela cadeira sempre agi e reagi como promotor. Fiz uma série de intervenções no sentido de trazer mais dignidade e condições de trabalho à Polícia Civil.
APE isso se refletiu nos índices de criminalidade.
FP: A polícia conseguiu a redução dos índices. A gente trabalhava com os pés no chão. Falei que o meu foco era o crime patrimonial. Nós só vamos achar que estamos prestando um serviço de melhor qualidade quando a gente diminuir os crimes patrimoniais.
APComo era a parceria no combate à facção?
FP: Convivi bem com o combate à facção porque tinha excelentes promotores no Gaeco, que são muito competentes. Os juízes, também, toda vez que tinha que prorrogar uma escuta telefônica, davam autorização porque sabiam que o serviço era correto. E a prisão era feita dessa forma. Outro equívoco de quem não é do ramo: o governador [Geraldo Alckmin] e o secretário [Fernando Grella Vieira] há pouco tempo falaram: “baixamos a letalidade (policial)”. Ele não tem noção do que é letalidade. Está confundindo letalidade com execução. Execução todos nós vamos execrar porque realmente é um ato covarde. Mas letalidade é confronto, é tiroteio. Temos um dado muito positivo. Em todos os casos de confronto, em 55% não tem evento morte. Os bandidos são presos vivos ou fogem. Em 33%, pelo menos um criminoso é preso vivo. Se fosse execução, o policial não iria prender vivo aquele que vai ser a testemunha mais desfavorável à ação policial. Restam 12% em que morrem dois ou três, mas não pode dizer que seja execução. Quando diz que baixou a letalidade na Polícia Militar, está rotulando toda uma corporação como criminosa. Quando fala que policial não pode socorrer o cara que está baleado, está fazendo um juízo precipitado de que o policial vai levar o cara até o pronto-socorro e vai matá-lo.
APIsso não acontecia?
FP: Isso não acontecia. Muito pelo contrário. Muitas vidas foram salvas pelo pronto-atendimento.
APA polícia de São Paulo não é violenta?
FP: Violenta ela é. Qual polícia do mundo não tem um grau de violência? Mas aqui em São Paulo existe essa preocupação muito grande com letalidade. Na hora em que diz que reduziu a letalidade, eu vou traduzir para você o que o governo falou: “nós estamos preservando a vida do bandido”. Nós estamos impedindo que a Polícia Militar vá para o confronto. O Estado não pode abrir mão de sua autoridade. Fica um Estado frouxo e o tráfico se multiplica. Ele se multiplicando, o bandido, quando vai fazer um assalto, vai drogado. Aí ele põe fogo no dentista.
AP: A imagem de uma polícia forte e violenta serve para inibir o crime?
FP: Não, não vejo que tem que projetar uma imagem de violência. Eu vejo que, numa ação forte e enérgica, a violência é uma contingência. O policial dá mil tiros por ano. Um policial tem técnicas de defesa. Um policial vai para uma ocorrência num número adequado para enfrentar aquela situação. E o marginal não tem intimidade com a arma, não tem treinamento, a maior parte das vezes não tem equipamento de segurança. É lógico que o número de marginais mortos no confronto com a polícia é muito maior, e tem que ser assim. Nós vivemos num mundo muito violento. A violência está em todo setor. Quando existe exagero, é evidente que a polícia tem que agir e as Corregedorias têm que ser fortes.
AP: E com relação aos ataques feitos contra a PM em 2012?
FP: Já estamos em abril, mais de 40 PMs foram mortos e não tem o estrépito que tinha no meu tempo. A imprensa hoje coloca acertadamente: “policial é vítima de tentativa de roubo”. No meu tempo, tudo era execução.
AP: Mas não houve ataques específicos da facção contra policiais militares naquele período?
FP: Os ataques houve e nós não negamos. Nós falamos que tinha o Piauí [Francisco Antonio Cesário da Silva], que tinha feito. Nós pegamos o [Roberto] Soriano, um preso que está em Porto Velho. Conseguimos interceptar um bilhete que ele foi jogar no outro pavilhão e acabou na mão dos agentes penitenciários. Um exame grafotécnico confirmou que era ele naquele bilhete que mandava matar os PMs. Na gíria dele, “vamos matar os botas”. O Piauí tinha mandado matar os caras aqui. Tinha seis mortos até o fim de junho. Esses seis mortos a gente tinha gravações mostrando que era o Piauí. Era um cara que foi beneficiado com uma saída temporária e estava homiziado em Paraisópolis. Quando viu que a PM estava em cima dele, foi para a região do Butantã e, como só usava táxi, ficava difícil rastrear. O Piauí foi preso lá em Itajaí, Santa Catarina, por uma informação que nós passamos para a Federal.
Quando houve essas mortes dos PMs, que eram mortes covardes, no horário de folga, houve muito acerto de contas. Mataram covardemente uma policial feminina [Marta Umbelina da Silva de Moraes] e a gente via nas interceptações telefônicas, lá em [Presidente] Venceslau, eles dizendo “maior covardia, vamos ver quem fez isso, mano”. Eles mesmos falavam. O que aconteceu ali? Foi um traficante que, para se mostrar eficiente e ganhar a liderança da bandidagem na região, resolveu matar a policial feminina. Tínhamos informação em fim de outubro deles dizendo para “parar com a palhaçada”, porque tinham temor de ir para presídio federal, como foram o Soriano e o Piauí. Só que o governo não teve paciência. O que acontece no Rio de Janeiro? O secretário não tem preocupação em perder o cargo do secretário de segurança, porque é prestigiado. Um caso Amarildo aqui tiraria o cargo do secretário. Aqui o cargo é muito precário.
AP: Como era a relação com Alckmin?
FP: Nunca fui uma escolha pessoal dele. As contingências fizeram com que ele me mantivesse no cargo. Considero um feito ter permanecido como secretário da Segurança Pública, com essa forma de trabalhar, por três anos e nove meses. Um período muito longo para quem não se curvava a interesses.
AP: O senhor avalia que houve excessos da PM na resposta aos ataques?
FP: Logo depois que eu saí, houve uns casos em Osasco que foram manifesta retaliação da polícia. No caso de Tiquatira, assim que fiquei sabendo, liguei para o comandante-geral da polícia, que era o Roberval [Ferreira França], e falei: “prende os caras”. Eles foram absolvidos no Tribunal de Júri [em novembro de 2012 e, novamente] lamentavelmente. Para mim, aquilo foi uma execução. Não tem que esconder. Tem que prender os caras. Tem que ter transparência.
AP: Aí entra num problema de sistema de justiça. Antigamente os casos iam para a Justiça Militar e se reclamava de corporativismo…
FP: Fui promotor da Justiça Militar por quase seis anos. Lá havia um número de condenações por crimes contra a vida e lesões corporais muito pequeno, porque eles convivem com isso. Se alguém subtraía um objeto qualquer do quartel, eu, como promotor, fazia uma sustentação em 15 minutos, porque o cara já estava condenado. Agora, num caso claro e evidente de uma execução, eu falava duas horas e dificilmente o cara era condenado. Quando veio a alteração da lei em 96, e eu acho que a alteração foi boa, eu esperava um número maior de condenações. Aconteceu o inverso. A sensação de insegurança é tanta, que basta dizer que o cara que morreu é bandido para o conselho de sentença absolver. A ideia do legislador foi ótima, porque na Justiça Militar é difícil condenar. Fui oficial da PM e sei quais são os valores que eles cultivam, e, infelizmente, pelo dia a dia, eles são um pouco insensíveis com relação a lesão corporal, a crimes contra a vida.
APAnalisando os dados de 2012, a gente viu que, quando um policial morria, muitas vezes havia a ação de um grupo de extermínio logo em seguida, na mesma região, de um jeito parecido. Alguém numa moto, ou num carro escuro.
FP: Alguém numa moto, ou num carro escuro, pode ser briga de facção, briga de tráfico, disputa por ponto, e falam: “vamos debitar na conta da PM”. Tudo é PM. Está de moto, está de preto, é PM. Isso é muito relativo.
AP: E essa incidência, sempre homicídios tão próximos da morte de PMs?
FP: Eu não tenho esse dado de que havia essa incidência. O que a gente sentia, eu senti e disse ao governador, é que um sintoma que há excesso da Polícia Militar é quando existe um caso de tiroteio em que morre um cara e a população incendeia ônibus. É a única forma da população por para fora sua revolta. Eu sempre dizia ao governador: toda vez que há uma ocorrência mais delicada, que é um pouco nebulosa se é uma intervenção necessária ou se houve excesso, na hora em que a população queima o ônibus, é sintoma de que essa ocorrência está complicada.
APQuanto à opção pelo [Paulo] Telhada e pelo [Salvador Modesto] Madia, que tinham histórico de serem bastante veementes?
FP: A opção do Telhada foi minha. A Rota estava sucateada e é uma ferramenta forte de combate ao crime. A Polícia Militar tem medo de usar a Rota, porque quando coloca no embate vai enfrentar esses questionamentos de intervenção. Quando eu assumi, estabeleci como uma prioridade reerguer a Rota. Ela inspirou o Bope e várias polícias especializadas. Estava sucateada. Tinha um pessoal da Rota que era um restolho e estava envolvido com os matadores do 18 [grupo de extermínio formado por PMs do 18º Batalhão]. Quando assumimos, limpamos esse pessoal e reestruturamos a Rota. Só que precisávamos de um comandante que tivesse liderança. E disso acho que tenho sensibilidade maior, porque fui capitão da PM. Telhada tinha feito um grande trabalho na Rota e não tinha um caso de ser réu por processo de homicídio. O comandante da PM na época [Álvaro Camilo] falou: “o senhor vai ter problema com os direitos humanos”. Eu falei: “se tiver, eu banco”. Chamei e para ele foi um susto. Ele disse que não esperava, porque tinha a carreira encerrada. Escondem os caras que têm coragem e liderança.
AP: E com isso o senhor criou a carreira política dele.
FP: Foi convencido aqui [num hotel da zona sul]. Eu falei: “pelo seu histórico, você deve ser candidato a vereador”. Eu me orgulho disso. É um grande amigo meu. Teve 89 mil votos pelo trabalho que realizou na Rota.
APO senhor pensa em seguir os passos dele?
FP: Eu não penso em seguir os passos, não. Saí depois de 49 anos de serviço público. Nunca tive perfil de ser político. Fui trabalhar fazendo consultoria na Fiesp. Paulo Skaf e outros são meus amigos de longa data. Houve vários pedidos. Me filiei ao PMDB porque é o partido do Paulo. O pessoal está assediando muito. Recebi convite de vários partidos, inclusive do PSDB, em abril [de 2013]. Eu falei: “não servi para a equipe em novembro [de 2012], e agora sirvo em abril?”.
AP: O senhor viu a formação do PCC, depois do Carandiru, e viu toda a evolução da facção.
FP: O grande desafio é o celular. O sentido da pena privativa de liberdade, de tirar aquele indivíduo que revela periculosidade do convívio social, ficou pela metade. Com o celular, ele tem contato com o crime organizado aqui fora e tem instrumentos para amedrontar e aterrorizar. É o que fez eles terem um controle aqui fora. Você acha que alguém vai trabalhar para eles por idealismo? É porque sabe que, se não seguir as normas, a família vai ser morta ou ele vai ser morto. Hoje a facção fatura por mês R$ 8 milhões. Isso eles conversam que nunca teve numa situação tão boa. Dizem “tiraram a Rita da rua” (a Rita é a Rota), diminuíram as interceptações e, de “quatro real grande, o progresso passou para oito”. É uma empresa de grande porte, sem encargo social, sem nada.
APNa época da crise, o senhor tentava minimizar o papel da facção…
FP: Não tentava minimizar. Havia um exagero. Continuo dizendo que as figuras proeminentes não chegam a 30. São os caras que realmente têm um poder muito grande e dominam os demais. Para certos segmentos, é importante dizer que é uma facção muito grande. Superdimensionam o tamanho da facção, a mídia divulga e quem tiver condições financeiras vai buscar segurança patrimonial ou empresarial. Vira um círculo vicioso, porque em toda empresa de segurança tem um componente que é policial civil ou militar. E a segurança privada cresce dia a dia. Há um exagero com relação à facção. Eles são cruéis, mas não são intelectuais, não são estrategistas. Têm violência, têm audácia e têm dinheiro.
APEssa sensação que a população da periferia tem, de que em 2012 foi vítima de grupos de extermínio da polícia?
FP: Tenho convicção que não tem grupo de extermínio. Havia, sim, aquele grupo do 18, que matou até o coronel Hermínio [José Hermínio Rodrigues, assassinado em 2008]. Era um grande amigo meu.
APPara o senhor, bandido bom é bandido morto?
FP: Nunca falei que bandido bom é bandido morto, muito pelo contrário. Eu acho que, se não for no confronto, é covardia matar o cara depois de dominado, em qualquer circunstância. Mandei muito agente penitenciário ser processado e perder o cargo em função de agredir lá dentro. Quem me ajudava muito, quando eu era secretário [da Administração Penitenciária], era a Pastoral Carcerária.
APO senhor tem mágoas?
FP: Não. Eu cheguei num patamar… Eu fui reconhecido pela imprensa. A Vejinha fez uma capa comigo. Depois fez aquela das 12 personalidades e eu estava entre elas. Fui convidado pelo Roberto Civita para almoçar com ele na Veja. No aniversário da Veja, convidaram duas pessoas durante a semana para fazer um almoço lá. Eu fui com a Maria Adelaide Amaral, por mais uma gentileza da Veja. Sempre tive tratamento muito bom por parte do Estadão. Eu fui na Folha e o Frias [Otávio Frias Filho, publisher do jornal] me levou até a calçada, até eu entrar no carro. Foi um papo maravilhoso. Poucas são as pessoas que o Frias leva até o meio-fio. O [jornalista] Márcio Aith [atual subsecretário de comunicação do governo Alckmin], que era da Folha, me contou que depois o Frias fez uma reunião e falou: “Não é esse o homem que eu vejo retratado no jornal”. Porque estavam me batendo um pouco forte. Depois a Folha me tratou muito bem.
*Publicado originalmente na Agência Pública.
FONTE: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/ferreira-pinto-201co-estado-nao-pode-abrir-mao-de-sua-autoridade201d-6255.html

CONSTRUTORAS, PAREM DE ESCRAVIZAR OPERÁRIOS

PARA: ANGLO AMERICAN, BROOKFIELD, EMCCAMP, MRV, OAS E RACIONAL

Construtoras, parem de escravizar operários

Em 2013, pela primeira vez o número de pessoas resgatadas da escravidão no Brasil foi maior nas cidades do que no campo e a construção civil teve papel decisivo nesta mudança de cenário.

Nos últimos meses, aconteceram flagrantes em obras da Anglo American, Brookfield, Emccamp, OAS, MRV e Racional(1).

São necessárias medidas concretas por parte das empresas para acabar com a escravidão nas obras. Como forma de prevenir novos casos de escravidão, pedimos que Anglo American, Brookfield, Emccamp, OAS, MRV e Racional assumam compromissos para garantir condições mínimas de dignidade, segurança e vida para os trabalhadores.

Por que isso é importante?

Às vésperas da Copa do Mundo, no mesmo ritmo que novas obras surgem e o mercado imobiliário ganha força, o número de violações não para de crescer. Operários de diferentes regiões foram aliciados, acabaram submetidos à escravidão por dívida, jogados em barracos improvisados onde viviam em condições degradantes, por vezes sequer sem receber salário.

Não dá para aceitar que casas de programas de habitação popular (Minha Casa, Minha Vida), hospitais e aeroportos sejam construídos por escravos. A exploração de trabalho escravo está diretamente relacionada à vulnerabilidade social e não por acaso as vítimas costumam ser das regiões mais castigadas pela pobreza, a concentração da terra e a desigualdade. Há flagrantes envolvendo imigrantes, como os 100 haitianos que deixaram seu país e acabaram escravizados no Brasil vivendo no que a fiscalização chamou “uma senzala da época da colônia”(2).

Pelo menos quatro medidas emergenciais são necessárias para evitar novos casos de escravidão nos canteiros de obras. Por isso, pedimos que Anglo American, Brookfield, Emccamp, OAS, MRV e Racional:

        1. Assinem o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, 
            acordo que reúne empresas comprometidas com o fim da escravidão.
        2. Deixem de aliciar trabalhadores. As empresas devem respeitar a
            Instrução Normativa 90 do Ministério do Trabalho e Emprego(3), que 
            regulamenta as condições para recrutamento e transporte de 
            trabalhadores para localidades diversas da sua origem.
       3. Garantam condições dignas de alojamento e trabalho.
       4. Parem de utilizar terceirização de maneira sistemática e irregular. As 
           empresas precisam assumir a responsabilidade pelas condições de  
           trabalho nas obras que executam, deixando de fazer terceirizações que 
           culminam no emprego de trabalho escravo.
Ajude a pressionar estas empresas a assumirem tais compromissos, assine a petição.
LINK DA PETIÇÃO

Conheça as empresas questionadas pela campanha

Banheiro improvisado de uma das casas com vítimas da OAS (Foto: SRTE-SP)
Banheiro improvisado de uma das casas com vítimas da OAS (Foto: SRTE-SP)
MRV Maior construtora do “Minha Casa Minha Vida”, programa do governo federal destinado à construção de casas populares financiadas com dinheiro público. A empresa já foi flagrada em quatro ocasiões diferentes – duas delas em obras do programa federal. Por conta dos flagrantes, também esteve na ‘lista suja’ do trabalho escravo duas vezes, sendo retirada através de liminar na Justiça.
OAS A terceira maior financiadora de campanhas político-partidárias, a OAS integra o consórcio que venceu a licitação de concessão do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), o mais movimentado da América Latina. Em setembro de 2013, 111 migrantes nordestinos passavam fome quando foram localizados pela equipe de fiscalização, que verificou que as vítimas tinham sido escravizadas pela empresa para as obras do aeroporto.
Anglo American A mineradora, uma das principais do mundo, foi flagrada duas vezes. Na primeira, em novembro de 2013, em seu canteiro de obras aconteceu a maior libertação de haitianos já registrada no Brasil. Foram 100 imigrantes – além de outros 72 brasileiros – resgatados em Minas Gerais. Na segunda, concluída em abril desse ano, foram 185 escravizados no local, sendo que 67 deles seguiam ordens diretas da mineradora.
Entrada de um dos alojamentos para vítimas da Emccamp e Brookfield (Foto: MTE)
Entrada de um dos alojamentos para vítimas da Emccamp e Brookfield (Foto: SRTE/RJ)
Racional Em ônibus clandestino, onze migrantes saíram do Maranhão para trabalhar nas obras de ampliação de um hospital particular da Avenida Paulista, o coração financeiro de São Paulo. Eles deixaram de receber seus salários, tinham dívidas com o empreiteiro da obra e eram submetidos a jornadas irregulares, o que caracterizou a escravidão.
Brookfield e Emccamp As duas empreiteiras ergueram em 2013 um conjunto habitacional do “Minha Casa Minha Vida” no Rio de Janeiro. Dos operários, 16 foram resgatados depois de serem submetidos a um esquema de terceirização ilegal que os manteve sob condições degradantes de trabalho em seus alojamentos.
Todas as empresas citadas foram contatadas para se posicionarem sobre os compromissos em questão. Apenas, Anglo American, Brookfield e OAS retornaram, afirmando que estudariam a possibilidade de assumir as medidas para evitar que novos casos aconteçam. Até o lançamento desta campanha, porém, nenhuma delas havia assumido efetivamente tais compromissos

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Fernando Haddad diz que não vai negociar com grevistas



O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse nesta quinta-feira que não pretende negociar com o movimento grevista que provocou a paralisação de ônibus que atinge a capital paulista desde terça-feira. Segundo o prefeito, a decisão sobre o caso será tomada pela Justiça, já que o Tribunal Regional do Trabalho discute a legalidade do movimento em audiência de instrução e conciliação entre sindicato patronal, SPUbanuss, trabalhadores e sindicato da categoria, o Sindmotoristas.
“Conversei diversas vezes com o ministro do Trabalho (Manoel Dias) e, por orientação dele, decidimos centralizar a atenção na audiência de hoje. A Justiça do Trabalho é o ambiente mais adequado inclusive para validar os termos de qualquer acordo entre empregadores e empregados”, afirmou Haddad.
Uma liminar expedida pelo Tribunal Regional do Trabalho no fim da tarde de ontem, obriga a entrada em operação de pelo menos 75% dos ônibus da cidade, sob pena de multa. “A decisão judicial determina a volta ao trabalho, e o restabelecimento do transporte público à população”, disse o prefeito.
Nesta quinta, funcionários da empresa Santa Brígida, que atua na zona oeste, resolveram paralisar as operações já durante a madrugada. Após algumas tentativas de reestabelecimento da operação, por volta das 10h um acordo fez com que os motoristas voltassem a rodar. Mais cedo, porém, uma intervenção da Polícia Militar provocou depredação de veículos que deixaram a garagem.Uma liminar expedida pelo Tribunal Regional do Trabalho no fim da tarde de ontem, obriga a entrada em operação de pelo menos 75% dos ônibus da cidade, sob pena de multa. “A decisão judicial determina a volta ao trabalho, e o restabelecimento do transporte público à população”, disse o prefeito.
“Nós solicitamos o apoio da Polícia Militar em relação à Santa Brígida para que dê apoio à Sptrans para que promova nas garagens a prestação dos serviços”, disse Haddad.

http://noticias.terra.com.br/brasil/cidades/fernando-haddad-diz-que-nao-vai-negociar-com-grevistas,f4139dfedf426410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html

Grevistas suspendem paralisações até decisão da Justiça na próxima semana

Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo 22/05/201417h06


Os motoristas e cobradores de ônibus que realizaram uma greve nos últimos dias na capital paulista decidiram suspender as paralisações até que haja uma decisão definitiva do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), o que só acontecerá a partir da próxima semana.
A decisão foi tomada após a realização de uma audiência de conciliação no TRT na tarde desta quinta-feira (22). Participaram da reunião representantes do Sindmotoristas, o sindicato dos motoristas e cobradores da capital, e do SP Urbanuss, o sindicato patronal. Os dissidentes não foram autorizados a participar da audiência.
Depois da audiência, o grupo dissidente, que ontem prometia voltar a paralisar a cidade caso suas demandas não fossem atendidas, moderou o tom. "Vamos esperar a decisão judicial e passar as informações para o trabalhador", afirmou Paulo Martins Santos, funcionário da viação Gato Preto e um dos líderes da dissidência que organizou a greve. "Nós defendemos que as negociações sejam reabertas."
As paralisações tiveram início na terça-feira e se estenderam até ontem à tarde, quando os grevistas se reuniram com o superintendente regional do Ministério do Trabalho, Luiz Antonio de Medeiros, e com diretores do Sindmotoristas. Hoje, a maioria dos motoristas voltou ao trabalho, com exceção dos trabalhadores da viação Santa Brígida.
Inesperada, a greve fechou mais da metade dos terminais de ônibus de São Paulo e prejudicou cerca de um milhão de passageiros. Na terça-feira, a cidade registrou a maior lentidão do ano, com 261 km de vias congestionadas. Houve tumulto em estações do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista dos Trens Metropolitanos).
Na audiência de hoje, o Sindmotoristas protocolou um documento no qual dá sua versão aos acontecimentos relacionados à paralisação. O tribunal estabeleceu 24 horas para o SP Urbanuss manifestar-se. Em seguida, será sorteado um relator, que levará a matéria para  julgamento no pleno do TRT, o que irá ocorrer só a partir da semana que vem.
No julgamento, o tribunal decidirá se a paralisação foi abusiva ou não. Na audiência de hoje, o MPT (Ministério Público do Trabalho) considerou o movimento grevista abusivo e pediu que seja imposta uma multa diária caso hajam novas paralisações.
Segundo o funcionário da viação Gato Preto, Medeiros se comprometeu a conversar com o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, para que os grevistas sejam recebidos pelo prefeito Fernando Haddad. Hoje, o prefeito disse que não irá receber os dissidentes até que haja uma decisão da Justiça do Trabalho.

Novas negociações

De acordo com José Valdevan, conhecido como Valdevan Noventa, presidente do Sindmotoristas, será formada uma comissão tripartite, com representantes da direção do sindicato, do SP Urbanus e dos grevistas. Valdevan afirmou que a comissão não rediscutirá os principais pontos do acordo aprovado em assembleia na última segunda-feira (19).

"Vamos discutir algumas questões pendentes, como o convênio médico, a questão dos trabalhadores da manutenção e o abono para motoristas de ônibus articulados e bi-articulados."
As empresas aceitaram conceder reajuste de 10%, vale-refeição diário de R$ 16,50 (atualmente é de R$ 14,30) e uma parcela anual de R$ 850 referente à PLR (Participação nos Lucros e Resultados), que em 2013 foi de R$ 600. Os trabalhadores dissidentes querem 13% de reajuste, vale-refeição de R$ 22 e PLR de R$ 1.500, conforme definido em assembleia da categoria na quinta-feira (15).
Valdevan afirmou que a comissão tripartite não discutirá estes pontos. "Como vou voltar atrás de uma coisa que foi votada?", questiona. "Eu sei que o trabalhador queria mais, sempre quer mais, merecemos mais, mas tudo tem seu limite. É um passo de cada vez. Não é do dia pra noite que vai mudar. Essa é a primeira campanha salarial do nosso mandato."
O calendário de mobilização, aprovado em assembleia no dia 15, previa um ato do sindicato --que fica na Liberdade-- até a prefeitura, na segunda-feira, e uma assembleia na terça. Caso os empresários não aceitassem a proposta, na quarta teria início uma paralisação comandada pelo sindicato.
Na segunda-feira, após receber a proposta patronal, a direção do sindicato decidiu antecipar a assembleia para o mesmo dia, logo após a realização do ato, o que revoltou parte da categoria. 
"Fomos chamados para voltar à mesa de negociação com os patrões. Chegou essa proposta na sexta-feira. Entre sexta e segunda, toda a direção do sindicato se mobilizou para convocar os trabalhadores para assembleia na segunda", disse Valdevan.

A antecipação da assembleia, no entanto, não foi divulgada no site do sindicato. A circular que informava a assembleia na terça-feira foi mantida na página. ""Não está no site, mas tá nos jornais. Avisamos no boca-boca. A prova disso é que foram 4.000 trabalhdores [na assembleia] na porta do sindicato", afirmou o líder sindical.

Greve agora é na Grande SP

Na Grande São Paulo, a paralisação de três empresas de ônibus --Miracatiba, Viação Osasco e Viação MobiBrasil-- atingiu 12 municípios e ainda afeta os usuários. Os trabalhadores reivindicam reajustes salariais. Os ônibus da Miracatiba começaram a sair para as ruas por volta das 13h30.
Diversos coletivos que atendem as cidades de Osasco, Barueri, Carapicuíba, Jandira, Itapevi, Santana de Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Cajamar, Embu-Guaçu, Taboão da Serra, Cotia e Vargem Grande não estão circulando normalmente.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/05/22/grevistas-suspendem-paralisacoes-ate-decisao-da-justica-na-proxima-semana.htm

Deputado mais rico do país tem dívida similar a orçamento de 2014 de Maceió

Carlos Madeiro
Do UOL, em Maceió


Com falência decretada pela Justiça desde fevereiro, as empresas do deputado federal João Lyra (PSD-AL) devem R$ 2,027 bilhões, conforme dados publicados nesta semana pelo conselho de administradores da massa falida.
O montante é similar ao orçamento de Maceió para o ano de 2014, previsto em R$ 2,033 bilhões e, segundo especialistas ouvidos pelo UOL, grande parte dos credores não deve receber os valores devidos e ficará no calote.
Dono de cinco usinas em Alagoas e em Minas Gerais, o usineiro e presidente do grupo que leva seu nome foi eleito deputado federal pelos alagoanos em 2010 e chegou à Câmara com o status de parlamentar mais rico do país - seu patrimônio declarado é de R$ 240 milhões. Hoje, as dívidas de suas empresas são oito vezes maiores que os bens de João Lyra.

Assembleia

No próximo dia 5, uma assembleia de credores convocada pela Justiça vai definir o destino do Grupo João Lyra, que durante anos foi símbolo de poder econômico no Estado e segue funcionando sob comando de um grupo de gestores.
As dívidas do grupo vão desde débitos trabalhistas a contratos milionários com fornecedores não pagos. Todos as pessoas que têm débito a receber do grupo podem participar da assembleia.
Segundo o Ministério Público do Trabalho em Alagoas, existem 350 trabalhadores que tentaram um acordo para recebimento das verbas rescisórias após serem demitidos, mas sem sucesso. Fora isso, há centenas de trabalhadores que buscam valores diretamente na Justiça.
Em audiência no final de abril, o grupo propôs parcelar o débito das verbas a esses ex-funcionários, mas, como não apresentou datas, a proposta foi recusada pelos procuradores do Trabalho - que encerraram a intermediação e estudam medidas a serem tomadas contra o grupo.
Também no final do mês passado, a Justiça do Trabalho de Coruripe decidiu pelobloqueio de 30% do salário de deputado federal para quitar um processo trabalhista. 

Recurso na Justiça

Segundo a assessoria de imprensa de João Lyra, o deputado e empresário recorreu, há cerca de um mês, contra a decisão de falência do grupo. O recurso especial foi interposto no Tribunal de Justiça de Alagoas e ainda está sob análise.
Sobre o valor da dívida, a assessoria diz que não pode comentar, já que não o grupo não tem mais poder sobre a gestão e controle das contas das empresas.
UOL não conseguiu contato com os administradores e foi informado por funcionários do grupo que eles não estão conversando com jornalistas.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/05/22/deputado-mais-rico-do-pais-tem-divida-similar-a-orcamento-de-2014-de-maceio.htm

terça-feira, 20 de maio de 2014

Haddad diz que Prefeitura não esperava protesto de motoristas

20/05/14 às 14:37 - Atualizado às 14:57   |  Folhapress

GUSTAVO URIBE SÃO PAULO, SP - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, reconheceu que a administração municipal foi pega de surpresa com o protesto de motoristas e cobradores de ônibus desta terça-feira (20). Segundo a SPTrans, os terminais Lapa, Pirituba e Pinheiros, na zona oeste, Sacomã, na zona sul, e Princesa Isabel e Amaral Gurgel, na região central, foram travados pelos manifestantes.
De acordo com o sindicato da categoria, trata-se de um protesto de um grupo dissidente que não concorda com o acordo salarial fechado com as empresas de ônibus. A proposta acordada com as companhias prevê um reajuste salarial de 10%, além de aumento nos valores do vale-refeição e na participação nos lucros. "Ontem, recebi uma comunicação do sindicato dos empresários dizendo que fecharam um acordo com a categoria. Então, para mim foi uma completa novidade, uma dissidência do sindicato que não aceita os termos do acordo", afirmou.
O prefeito informou que o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, já foi acionado para avaliar "providências cabíveis", entre elas disponibilizar uma frota adicional para substituir os ônibus em greve. Para ele, que participou nesta manhã da 65ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos, "se há um acordo, ele tem de ser cumprido". Haddad não descartou inclusive a possibilidade de aplicação de multa aos setores paralisados. "É o caso de aguardar a providências para saber quais são as possibilidade jurídicas, o que a lei nos permite fazer. Mas nós vamos usar o contrato para (se for necessário) colocar frota para cobrir. Eu entendo que se há o acordo, ele tem de ser cumprido", disse. Atualmente, o piso salarial de motoristas é de R$ 1.955, e o de cobradores, R$ 1.130. A proposta de reajuste salarial foi aprovada pela categoria em assembleia esta semana.
Disputa por poder

Uma disputa por poder dentro do sindicato dos motoristas de São Paulo pode ter sido o estopim para a manifestação que fechou ao menos seis terminais de ônibus na manhã desta terça-feira (20) na capital. Sindicalistas ligados a atual gestão frente a entidade dizem que o protesto foi orquestrado pela oposição. Francisco Xavier da Silva Filho, diretor executivo do sindicato dos motoristas acredita na participação de pessoas "infiltradas". "Com certeza foi alguém infiltrado que não aceitou a perda [das eleições] no ano passado. Eu até acho que quem parou pode ter sido algum oportunista que perdeu", afirmou.




segunda-feira, 12 de maio de 2014

MORADORES DE RUA SÃO ALVO DE PROTESTO EM FLORIANÓPOLIS: 'FORA, MENDIGOS!'



Habitantes da praia da Canasvieiras, preocupados com o turismo local, pedem saída de pessoas em situação de rua

Habitantes da praia da Canasvieiras, preocupados com o turismo local, pedem saída de pessoas em situação de rua: 'Não podemos deixar esta situação se agravar; junto vêm sujeira, drogas, desentendimentos e até homicídios'

A praia é uma das preferidas de turistas argentinos, que costumam lotar os hotéis da região e o turismo é a principal preocupação dos “incomodados”. “Estamos tentando limpar a praia para a chegada do turista. Isso está queimando nossa imagem”, afirmou Luciana da Silva, uma das organizadoras do protesto, à Folha de S. Paulo.
No blogue SOS Canasvieiras, organizado por moradores da região, em um texto intitulado “Turismo Insustentável”, os insatisfeitos desfilam uma série de argumentos para que se expulse a população de rua da região. “Não podemos deixar esta situação se agravar, porque junto vem a sujeira, as drogas, os desentendimentos e até os homicídios, comprometendo a nossa qualidade de vida e a fama negativa perante o Brasil e o mundo”, afirma o autor.
Em outro trecho, a preocupação com a “vocação pelo turismo” do bairro é lembrada. “Mas não é este tipo de turistas [moradores de rua] que precisamos e queremos, nem na baixa temporada, nem na temporada de verão”. Para encerrar, o autor exalta a cobertura por parte da imprensa. “Até a grande mídia tem noticiado o “descarte” de seres humanos, ditos mendigos, aqui em Canasvieiras.”
“Importação”
Sites de notícias locais, como o Tudo Sobre Floripa, noticiam uma “suposta importação de  mendigos”. “Segundo o secretario Alessandro Balbi Abreu, a denúncia partiu de um morador do local. Ele contou que a prefeitura de Balneário Camboriú, no litoral Norte, teria despejado mendigos daquela cidade em Canasvieiras”, diz a reportagem.
Folha de S. Paulo afirma ter flagrado, durante a manifestação, um cartaz que reclamava da “importação” de pessoas em situação de rua, motivado pelas: “Balneário Camboriú, para de jogar mendigos na nossa praia (que vergonha)”.
O caso da “suposta importação” deve ser alvo de uma “abordagem” do Ministério Público e da Polícia Militar para se descobrir a origem dessas pessoas em situação de rua. Em entrevista ao Tudo Sobre Floripa, o secretário municipal de Assistência Social de Florianópolis, Alessandro Balbi Abreu, demonstrou preocupação. “O problema é que eles não querem ser ajudados, porque essa época é muito rentável pra eles.”
Um novo protesto contra a a presença das pessoas em situação de rua na praia da Canasvieiras está marcado para a próxima quarta-feira (11/12).
* Texto publicado originalmente no site da Revista Fórum