quarta-feira, 27 de julho de 2016

JUSTIÇA: Por que endurecer a pena não reduz crimes?

Por Ana Carolina Pekny Pesquisadora do Instituto Sou da Paz
 Foto: Flickr/European Parliament/Pietro Naj-Oleari

O Brasil ocupa o primeiro lugar em um triste ranking: somos o país com o maior número absoluto de homicídios do mundo, a ponto de que 11% em 2012 tenham ocorrido aqui. Diante desse cenário, não espanta a profusão de propostas de mudanças legislativas que visam tornar mais rigorosas as penas para aqueles que cometem crimes, especialmente os que atentam contra a vida.

Dentre as mudanças recentes, merecem destaque a transformação do feminicídio (Lei N° 13.104/2015) e dos homicídios contra militares e agentes da lei (Lei N° 13.142/2015) em crimes hediondos no ano passado, e projetos voltados à redução da maioridade penal (PEC 171/1993) e aumento do tempo de internação para adolescentes envolvidos em crimes hediondos (PLS 333/2015). Tais projetos partem da premissa de que o aumento da pena e a ameaça de maior rigor têm função dissuasória, desestimulando a prática de novos crimes. Segundo a justificativa do projeto de lei que levou à aprovação da Lei dos Crimes Hediondos (Lei N° 8.072/1990), “o aumento da pena destina-se, como é óbvio, a desestimular os eventuais criminosos”. Todavia, há fortes indícios de que o endurecimento penal não tem sido capaz de afetar os cálculos daqueles que decidem cometer delitos. O aumento vertiginoso dos homicídios desde meados dos anos 1990 é um deles.

A Lei dos Crimes Hediondos foi aprovada na década de 90, pouco mais de um mês após a apresentação do projeto, sem o cuidado que o tema exigia. Quatro anos depois, a lei sofreu alteração, e o homicídio qualificado passou a integrar o rol dos crimes hediondos, por força da Lei N° 8.930/1994. Contudo, diferente do que fora imaginado pelo legislador, os homicídios não se tornaram menos numerosos desde então. Em 10 anos, o Brasil assistiu a um crescimento de 67% em suas mortes violentas intencionais: foram 51.043 óbitos em 2003, contra 30.610 em 1993.

É preciso deixar claro que, independente da perspectiva teórica adotada sobre a função da pena, o que se evidencia no Brasil é a permanente falta de informações sobre o escopo do problema a ser enfrentado e a ausência de análises sobre o real impacto gerado diante da adoção de medidas como o aumento das penas e mudanças relativas à progressão de regime.

Ao longo das últimas décadas, estudos revelaram a carência de informações sobre o perfil dos autores de homicídio e das motivações desses crimes, problema que em grande parte decorre da própria dificuldade enfrentada pelas polícias em elucidar a autoria dos homicídios. Segundo Arthur Trindade Costa, professor da Universidade de Brasília e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, a ausência de um sistema de indicadores que permita mensurar o desempenho da investigação criminal faz com que ainda hoje no Brasil não seja possível determinar quantos homicídios foram esclarecidos, ou seja, não é possível determinar quantos casos tiveram a autoria identificada e uma denúncia formalizada pelo Ministério Público.
Soma-se a isto o fato de que mesmo nos casos em que os autores dos crimes são identificados, o processamento dos homicídios leva muito mais tempo que o aceitável. A pesquisa “O Tempo do Processo de Homicídio Doloso em Cinco Capitais” realizada pela Ludmila Ribeiro, professora da UFMG, aponta que o tempo médio de processamento de homicídios no sistema de justiça criminal em cinco capitais do Brasil (Belo Horizonte, Goiânia, Recife, Porto Alegre e Belém) é de 7,3 anos. O estudo também revelou que apenas uma pequena parcela dos casos é encerrada com uma condenação, em grande parte devido à precariedade dos laudos periciais. Além disso, muitas regiões não contam com delegacias especializadas em investigar homicídios e carecem de maior efetivo policial.

A prevalência de discussões voltadas para a questão da pena e a necessidade de endurecimento penal no Brasil revela que adotamos uma postura de olhar apenas para o final da cadeia do problema sem antes termos dado maior atenção às etapas anteriores. A falta de diagnósticos é notória e a produção de conhecimento sobre o tema ainda é insuficiente. Não conhecemos o perfil dos autores, mas defendemos maior punição aos adolescentes. Não sabemos as principais motivações dos homicídios, mas delimitamos quais condutas receberão maior atenção. Discutimos o sistema de justiça, mas negligenciamos a necessidade de maior atenção à atuação policial e ao processo investigativo.

Nota-se, ainda, um predomínio do debate sobre a necessidade de punição em detrimento da adoção de políticas preventivas. Ainda que essas ações não sejam excludentes, a confiança no efeito dissuasório de penas mais duras tem feito com que a balança pese sempre para o mesmo lado, enquanto o debate qualificado sobre medidas voltadas à prevenção é relegado ao segundo plano, quando muito. Os exemplos do feminicídio e do homicídio contra policiais ilustram esse descompasso com clareza.

Coordenada pela pesquisadora Wânia Pasinato, a pesquisa “Medidas Protetivas às Mulheres Vítimas de Violência” comprovou que o sistema de proteção da mulher vítima de violência é ineficaz. Mulheres que entram com pedidos de medidas protetivas têm suas solicitações atendidas em prazo muito superior ao que determina a lei, o que as deixa suscetíveis a novas agressões. A vulnerabilidade não cessa com a decisão e notificação do agressor, já que inexistem mecanismos de monitoramento das medidas. Nesse contexto, não raro, o feminicídio ocorre porque o sistema de proteção falhou, não porque a pena era branda demais.
Quanto às mortes de policiais, estudos apontam que condições precárias de trabalho e a prática do “bico” – motivada pelos baixos salários – constituem graves fatores de risco para a categoria. Também é fator de risco a lógica da guerra que marca a segurança pública em muitos estados, dos quais o Rio de Janeiro tem sido exemplo emblemático.

Ainda que existam trabalhos indicando que os dois fenômenos são complexos e exigem tratamento que alie medidas de caráter preventivo e repressivo, as discussões sobre seu enfrentamento têm ficado limitadas à vertente repressiva. Esse viés se deve em parte à primazia de um discurso que monopoliza a opinião pública, segundo o qual penas mais duras seriam suficientes para solucionar o problema do alto índice de homicídios no país.

A construção de uma política que alie prevenção e repressão e que seja capaz de lidar com o aumento da letalidade violenta no país passa pela delimitação de mais de uma frente de ação, incluindo uma profunda discussão sobre o que pode ser feito antes que os homicídios ocorram. Quanto à repressão, o que os estudos realizados até o momento revelam é a existência de inúmeros desafios ao esclarecimento e processamento dos crimes contra a vida, o que acarreta no risco de que tenhamos penas cada vez mais duras sem ninguém a quem aplicá-las.

Não é aceitável que mudanças legislativas de tamanho impacto sejam levadas a cabo sem diagnósticos aprofundados e dados que subsidiem discussões prévias. Não queremos com isso minimizar a gravidade do fenômeno ou ignorar a importância de tais discussões, mas é preciso entender que as políticas de segurança pública não podem ser reflexo exclusivo da opinião pública. É necessário que sejam realizados mais estudos sobre os fenômenos criminais e avaliações sobre possíveis impactos das mudanças propostas.

fonte: http://jota.uol.com.br/VY8XU
 

ECONOMIA: Santander Brasil prevê melhora no 2º semestre; analistas olham 2º tri com cautela


Por Aluísio Alves


http://www.diarioliberdade.org/archivos/Administradores/Maur%C3%ADcio/2012-12/081212_santander.jpg
SÃO PAULO (Reuters) - O Santander Brasil entregou números de desempenho melhores do que o esperado para o segundo trimestre e previu cenário de margens com crédito e receitas com tarifas benigno na segunda metade do ano, mas analistas observaram que benefícios pontuais podem não se repetir, o que levava as units do grupo a perderem força no início da tarde.

Falando primeiro a analistas e depois a jornalistas, executivos do maior banco estrangeiro no país atribuíram à queda nos custos de captação, ao aumento das margens de juros e ao controle dos custos e da inadimplência a responsabilidade pela alta de 7,8 por cento do lucro gerencial do segundo trimestre.
"Conseguimos superar as previsões médias do mercado na maioria dos indicadores", disse e jornalistas o presidente-executivo do Santander Brasil, Sergio Rial.

Além do lucro maior, o banco conseguiu queda de 0,1 ponto no índice de inadimplência na base sequencial, aumento das despesas em nível bem inferior ao da inflação, expansão discreta das provisões para perdas com inadimplência e alta de 14 por cento das receitas com tarifas.

Para analistas, no entanto, a última linha do balanço foi beneficiada por reversão de cerca de 400 milhões de reais de provisões excedentes para calotes e menos gastos com pagamentos de impostos, o que reduz a crença numa melhora permanente do resultado do banco.

Além disso, a forte alta do indicador de inadimplência de 15 a 90 dias (0,7 ponto na base sequencial) pode resultar em mais despesas com provisões à frente.

Com o título "Bom na superfície, mas fraco no conteúdo", a equipe de analistas do Credit Suisse liderada por Marcelo Telles manteve a recomendação "underperform" para as units do Santander Brasil.
O BTG Pactual reconheceu a gradual melhora do Santander Brasil em vários indicadores importantes, mas pontuou que os papéis do banco são negociados na bolsa com prêmios em relação a rivais como Itaú Unibanco e Bradesco, o que considera injustificável. Por isso, Eduardo Rosman e equipe mantiveram recomendação de "venda" para a unit do banco.


CENÁRIO MELHOR
Simultaneamente aos comentários de analistas, a unit do Santander Brasil perdeu fôlego na bolsa. Depois de ter subido sozinha no setor na véspera, o papel chegou a avançar mais de 2 por cento no começo do pregão desta quarta-feira. Às 14:06, o ativo tinha alta de 0,8 por cento. O Ibovespa subia 0,3 por cento.
Esse tom menos positivo contrastava com as previsões bastante otimistas de Rial para o segundo semestre, prevendo que o Santander Brasil tem espaço para continuar elevando margem com crédito e receitas com tarifas no segundo semestre, além de menor risco de crédito da problemática cadeia de óleo e gás e na abertura do mercado para retomada das ofertas de ações.

CITI
Rial disse também que o Santander Brasil deve fazer uma oferta vinculante pelas operações de varejo do Citi no Brasil, que estão à venda.

"É muito provável que a gente vá", afirmou Rial a jornalistas durante apresentação dos resultados de segundo trimestre do banco.


POLI´TICA: Eventos importantes no Brasil expõem a fraude do impeachment de Dilma — e a corrupção de Temer


Desde o começo da campanha para impedir a presidente democraticamente eleita, Dilma Rousseff, a principal justificativa era de que ela havia se utilizado do artifício conhecido como “pedaladas” (“peddling”: atraso ilegal de pagamentos aos bancos estatais) para mascaras a dívida pública. Mas nesta semana, enquanto o Senado conduz o julgamento do impeachment, esta acusação foi suprimida: o relatório de peritos do Senado concluiu que “não há indício de ação direta ou indireta de Dilma” em nenhuma destas manobras orçamentárias. Como colocou a Associated Press: “Auditores independentes contratados pelo Senado brasileiro disseram em relatório divulgado na terça-feira que a presidente suspensa Dilma Rousseff não agiu na modificação da contabilidade de que foi acusada no julgamento de seu impeachment”. Em outras palavras, os próprios técnicos do Senado esvaziaram o primeiro argumento na defesa de que o impeachment era outra coisa que não um golpe.

O relatório não isenta Dilma totalmente, concluindo que Dilma abriu linhas de crédito sem a aprovação do Congresso, o que é parte do caso do impeachment. Mas foi a acusação das pedaladas que dominou todo o debate.



Se o impeachment de Dilma foi de fato motivado por seu motivo declarado – a quebra de leis – esse relatório devastador deveria interromper o percurso do impeachment. Elio Gaspari, importante colunista da Folha de São Paulo, maior jornal brasileiro, escreveu na terça-feira – sob o título “Há Golpe” – que, a luz deste novo relatório, o Impeachment de Dilma pode não ter sido um “golpe” no sentido de que teria sido realizado extrajudicialmente, mas é um golpe no sentido de que é realizado sem eleições: por “estratagemas” através de “práticas ardilosas”.

Mas, é óbvio, o impeachment nunca teve algo a ver com qualquer suposta quebra de lei de Dilma – esse era apenas o pretexto para remover uma presidente democraticamente eleita por motivos ideológicos – o que explica porque a destruição da mais importante acusação contra ela sequer arranhou a dinâmica do impeachment. Mesmo o Estadão, jornal veementemente contrário a Dilma, documentou esta semana como os principais defensores do impeachment mudaram instantaneamente seu raciocínio: do argumento de que as pedaladas exigem o impeachment para o discurso de que, na verdade, isso nunca foi importante em primeiro lugar. Estas são as ações de pessoas dedicadas a um fim sem se importar com as justificativas: eles estão determinados a impedir Dilma por razões ideológicas, então a destruição do caso judicial contra ela não faz diferença.


Ainda mais significante são as crescentes evidências da enorme corrupção do substituto de Dilma, Michel Temer. Em apenas 30 dias desde que assumiu, Temer perdeu três dos seus ministros por conta da corrupção. Um deles, seu aliado extremamente próximo Romero Jucá, foi flagrado em gravação conspirando pelo impeachment de Dilma como uma maneira de estancar as investigações sobre corrupção, bem como indicando que os militares, a mídia e os tribunais estavam tomando parte na conspiração pelo impeachment.

Um informante chave nas investigações, o ex-Senador e executivo da construção civil Sergio Machado, agora disse que Temer recebeu e controlou R$ 1,5 milhão em doações ilegais de campanha, enquanto outro informante disse, na semana passada, que Temer era “beneficiário” de R$ 1 milhão em subornos. Além disso, Temer está agora impedido por uma ordem judicial de disputar qualquer eleição por 8 anos por conta de sua violação das leis eleitorais. Para lembrar: este é quem, em nome da “corrupção”, as elites brasileiras empossaram no lugar da Presidente eleita.

Enquanto isso, o partido de Temer, PMDB, é virtualmente o mais corrupto deste hemisfério. Seu Presidente da Câmara Eduardo Cunha – que presidiu o processo do impeachment – está agora suspenso pelo Supremo Tribunal, e o Conselho de Ética da Câmara acaba de votar por sua cassação uma vez que ele mentiu sobre contas bancárias na Suíça, recheadas de dinheiro de suborno, em seu nome. O mesmo executivo da construção, Machado, testemunhou que três líderes do PMDB – incluindo Jucá – receberam pagamentos num total de R$ 71,1 milhões em subornos. Ao mesmo tempo, dois aliados chave de Temer do PSDB, partido de centro-direita derrotado por Dilma em 2014 – o Ministro das Relações Exteriores de Temer, José Serra, e o oponente de Dilma em 2014, Aécio Neves – estão ambos sob investigação por corrupção.

Ate decidir apoiar o impeachment de Dilma e empoderar seus próprios líderes corruptos, o PMDB era um importante aliado de Dilma. O partido de Dilma, o PT, tem sua própria cota de figuras corruptas. Mas o PMDB é pouco mais que um partido de negociação que existe para lubrificar as engrenagens da corrupção e das propinas em Brasília. A ironia por trás do fato de que este partido tenha sido alçado ao poder em nome da luta contra a corrupção é grande demais para ser posta em palavras. Como afirmou o New York Times em maio, o partido de Temer é o que controlou, e agora arruinou, o Rio: “o mesmo partido que criou uma bagunça no Rio está agora gerindo o país”.
Por mais expressivos que a corrupção de Temer e a fraude do impeachment de Dilma já fossem, dois novos eventos nesta semana vieram reforça-lo. Primeiro, Temer jantou com dois membros do Superior Tribunal Federal – o órgão que preside a investigação sobre a corrupção e o processo do impeachment. Também estiveram presentes o Ministro das Relações Exteriores, Serra, e seu aliado próximo Aécio: ambos alvos da investigação sobre corrupção. Temer está literalmente se reunindo secretamente com os próprios juízes que estão julgando o impeachment e os processos de corrupção (ao mesmo tempo em que políticos brasileiros, preparando a imposição de medidas de austeridade, estão votando por bajular estes juízes com um aumento em seus salários).

Segundo, ao mesmo tempo em que Temer está se reunindo em privado com estes juízes chave, reportagens revelaram que ele está trabalhando duro em um acordo para “salvar a pele” de Cunha, um dos políticos mais corruptos do país. Temer se reuniu com Cunha nesta semana. Um plano sendo ativamente discutido permitiria Cunha renunciar e então ter seu processo criminal atribuído a juízes favoráveis. Outro prevê que Cunha simplesmente renuncie à presidência da Câmara para aumentar as chances de que ele não seja expulso da mesma por completo. Pior ainda, o Globo reportou hoje que Toemer está agora trabalhado ativamente com Aécio para garantir que o sucessor de Cunha seja favorávela ele: alguém que “não trabalhe pela cassação de Eduardo Cunha”.

Basta pensar sobre o que aconteceu quando estava em jogo o controle do quinto país mais populoso (e rico em petróleo) do mundo. A presidente democraticamente eleita sofreu impeachment apesar da falta de indícios de corrupção pessoal: por políticos que estão afundados em escândalos de subornos e propinas. O principal pretexto utilizado para impedi-la acaba de ser derrubado pelo relatório dos próprios auditores independentes do Senado. E o homem marcado pela corrupção que implantaram no lugar dela – que tem atualmente uma taxa de reprovação de 70%, e quem 60% do país quer que sofra o impeachment – está agora se reunindo secretamente com os juízes cuja suposta independência, credibilidade e integridade eram o principal argumento contra a classificação deste processo de “golpe”, tudo enquanto ele conspira para salvar seu companheiro de partido enriquecido por propinas. E eles estão procedendo para impor uma agenda de direita de austeridade e privatizações que a democracia nunca permitiria.

Sejam quais forem os motivos para se livrar de Dilma, a ilegalidade e a corrupção claramente não tiveram na a ver com isso. É só olhar para o relatório divulgado esta semana pelo Senado, ou o rosto da pessoa que instalaram, para ver como essa é a verdade.

Esclarecimento: este artigo foi editado em 1 de Julho para retificar que os 41% de aumento salarial eram apenas para servidores do judiciário, e se dará de forma parcelada em quatro anos – e, conforme fonte ligada ao judiciário, não compreende as perdas salariais da categoria nos últimos anos. Mas tramita na Câmara, em regime de urgência, um projeto de lei que aumentará o salário dos juízes do STF de 34 para mais de 39 mil reais.

FONTE: https://theintercept.com/2016/07/21/a-fraude-jornalistica-da-folha-e-ainda-pior-surgem-novas-evidencias/

MÍDIA: A fraude jornalística da Folha é ainda pior: surgem novas evidências

LEIA O ORIGINAL EM INGLÊS
  • Dados de pesquisa ocultados pela Folha mostram que a grande maioria dos eleitores quer a renúncia de Temer, o que contradiz categoricamente a matéria da Folha
  • 62% dos brasileiros querem a renúncia de Dilma e Temer, e a realização de novas eleições: ao contrário dos 3% inicialmente mencionados pela Folha
  • Dados cruciais da pesquisa foram publicados e, em seguida, retirados do ar pelo datafolha: encontrados por portal brasileiro
  • Resposta do Diretor Executivo da Folha de São Paulo de que os dados ocultados não eram “jornalisticamente relevantes” não resiste a análise
Na quarta-feira (20), a Intercept publicou um artigo documentando a incrível “fraude jornalística” cometida pelo maior jornal do país, Folha de São Paulo, contendo uma interpretação extremamente distorcida das respostas dos eleitores à pesquisa sobre a crise política atual. Mais especificamente, a Folha – em uma manchete que chocou grande parte do país – alegava que 50% dos brasileiros desejavam que o presidente interino, e extremamente impopular, Michel Temer, concluísse o mandato de Dilma e continuasse como presidente até 2018, enquanto apenas 3% do eleitorado era favorável a novas eleições, e apenas 4% desejava que Dilma e Temer renunciassem. Isso estava em flagrante desacordo com pesquisas anteriores que mostravam expressivas maiorias em oposição a Temer e favoráveis a novas eleições. Conforme escrevemos, os dados da pesquisa – somente publicados dois dias depois pelo instituto de pesquisa da Folha – estavam longe de confirmar tais alegações.

Depois da publicação de nosso artigo, foram encontrados ainda mais indícios – através de um trabalho colaborativo incrível de verdadeiros detetives da era digital – que revelam a gravidade da abordagem da Folha, incluindo a descoberta de um legítimo “smoking gun” comprovando que a situação era muito pior do que achávamos quando publicamos nosso artigo ontem. É importante não deixar que o aspecto estatístico e metodológico encubra a importância desse episódio:

Semanas antes da conclusão do conflito político mais virulento dos úlitmos anos – a votação final do impeachment de Dilma no Senado Federal –  a Folha, maior e mais importante jornal do país, não apenas distorceu, mas efetivamente escondeu, dados cruciais da pesquisa que negam em gênero, número e grau a matéria original. Esses dados demonstram que a grande maioria dos brasileiros desejam a renúncia de Michel Temer, e não que o “presidente interino” permaneça no cargo, como informado pelo jornal. Colocado de forma simples, esse é um dos casos de irresponsabilidade jornalística mais graves que se pode imaginar.

A desconstrução completa da matéria da Folha começou quando Brad Brooks, Correspondente Chefe da Reuters no Brasil, observou uma enorme discrepância: enquanto a Folha anunciava em sua capa que apenas 3% dos brasileiros queriam novas eleições e que 50% queria a permanência de Temer, o instituto de pesquisa do jornal, Datafolha, havia publicado um comunicado à imprensa com os dados da pesquisa anunciando que 60% dos brasileiros queriam novas eleições. Observe essa impressionante contradição:


Como isso é possível? Nós entramos em contato com o Datafolha imediatamente para esclarecer a dúvida, mas como grande parte dos veículos de comunicação já havia lido nosso artigo e o assunto havia se tornado uma controvérsia nacional, o instituto se recusou a se manifestar. Eles simplesmente não queriam nos explicar a natureza da discrepância.

Mas essa revelação levou a outro mistério: nos dados e perguntas complementares publicados pelo Datafolha, não havia nenhuma informação mostrando que 60% dos brasileiros eram favoráveis a novas eleições, como dizia um dos enunciados da pesquisa do instituto. Parecia evidente que o Datafolha havia publicado apenas algumas das perguntas feitas aos entrevistados. Apesar das perguntas estarem numeradas, o documento contava apenas com as perguntas 7-10, 12-13 e 21. Isso não é necessariamente incomum ou incorreto (jornais tendem a omitir perguntas sobre tópicos menos relevantes ao publicar uma reportagem), mas era estranho que nenhuma das perguntas publicadas pelo Datafolha confirmasse ou tivesse relação com a afirmação do enunciado da pesquisa. De onde, então, saiu essa informação – 60% – que contradiz a reportagem de primeira página da Folha?

A resposta veio através do excelente esforço investigativo de Fernando Brito do site Tijolaço. Primeiro, a equipe do site observou que o endereço URL do documento do Datafolha com os dados e perguntas complementares à pesquisa que foi publicado na segunda-feira – documento citado em nosso artigo original mostrando que a manchete da Folha era falsa – terminava em “v2”, ou seja, era a segunda versão do documento publicado pelo Datafolha. A equipe procurou a versão original, mas não foi possível encontrá-la no site do instituto. Eles começaram a tentar adivinhar o endereço URL da versão original, até que acertaram. Embora a versão original tivesse sido retirada do ar pelo Datafolha, ainda se encontrava nos servidores do instituto, e ao acertar o endereço URL correto o Tijolaço teve acesso ao documento.

O que foi encontrado na versão original do documento – aparentemente retirada do ar de forma discreta pelo Datafolha – é de tirar o fôlego. Ficou comprovado que a matéria da Folha era uma fraude jornalística completa. A pergunta 14, encontrada na versão original, dizia:
“Uma situação em que poderia haver novas eleições presidenciais no Brasil seria em caso de renúncia de Dilma Rousseff e Michel Temer a seus cargos. Você é a favor ou contra Michel Temer e Dilma Rousseff renunciarem para a convocação de novas eleições para a Presidência da República ainda neste ano?”
Os dados não publicados pelo Datafolha mostram que 62% dos brasileiros são favoráveis à renúncia de Dilma e Temer, e à realização de novas eleições, enquanto 30% são contrários a essa solução. Isso significa que, ao contrário da afirmação da Folha de que apenas 3% querem novas eleições e 50% dos brasileiros querem a permanência de Temer como presidente até 2018 – ao menos 62% dos brasileiros, uma ampla maioria, querem a renúncia imediata de Temer.


A situação é ainda pior para a Folha (e Temer): a porcentagem de eleitores que deseja a renúncia imediata de Temer é certamente muito maior do que esses 62%. A pergunta colocada pelo Datafolha era se os entrevistados eram favoráveis à renúncia de Temer /e Dilma/. Muitos dos que responderam “não” – conforme demonstrado pelos detalhes dos dados – são apoiadores do PT e/ou querem Lula como presidente em 2018, o que significa responderam que “não” porque querem que Dilma retorne, e não porque querem a permanência de Temer. Portanto – conforme concluído pelo Ibope em abril – apenas uma minoria dos eleitores querem Temer como presidente: exatamente o oposto da “informação” publicada pela Folha.

Essa não foi a única informação ausente que o Tijolaço descobriu quando encontrou a primeira versão dos dados publicados. Como explicam de maneira detalhada, havia dois parágrafos inteiros escritos pelo DataFolha resumindo os dados das respostas que também foram removidos da segunda versão publicada, inclusive a seguinte frase: “a maioria (62%) declarou ser a favor de uma nova votação para o cargo de presidente”

A equipe também descobriu uma pergunta não revelada – a pergunta 11 – que é provavelmente a mais favorável a Dilma e foi completamente omitida pela Folha. O DataFolha perguntou:
“Na sua opinião, o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff está seguindo a regras democráticas e a Constituição ou está desrespeitando as regras democráticas e a Constituição?”
Apenas 49% disseram que o impeachment cumpre as regras democráticas e respeita a Constituição, enquanto 37% disseram que não. Como a Folha pode omitir este dado tão surpreendente e importante quando, supostamente, quer descrever a visão dos eleitores sobre o impeachment?


Ontem, a Folha publicou uma “notícia” sobre o que chamou de “controvérsia” provocada por nosso artigo. O jornal se esquiva e, em muitos casos ignora a maioria destas questões importantes.

O artigo confirma que, ao contrário de sua afirmação anterior de que apenas 3% dos brasileiros querem novas eleições, “a porcentagem de favoráveis a novas eleições, no entanto, sobe para 62% nas respostas estimuladas, ou seja, quando o instituto pergunta explicitamente”. E incluiu as duas perguntas que havia mantido em segredo: uma demonstrando que a maioria quer a saída de Temer, e outra mostrando uma expressiva minoria que vê o impeachment como uma violação da democracia (a Folha deixou de mencionar que estes novos dados, na verdade, haviam sido publicados anteriormente pelo Tijolaço).


No entanto, o jornal insistiu que não havia nada de errado em esconder esses dados. Publicaram uma citação do próprio editor executivo, Sérgio Dávila, argumentando que é “prerrogativa da Redação escolher o que acha jornalisticamente mais relevante no momento em que decide publicar a pesquisa”. Dávila insistiu que “o resultado da questão sobre a dupla renúncia de Dilma e Temer não nos pareceu especialmente noticioso, por praticamente repetir a tendência de pesquisa anterior e pela mudança no atual cenário político, em que essa possibilidade não é mais levada em conta.”

Não se pode subestimar a desonestidade dessa resposta e quanto o editor executivo da Folha conta com a ingenuidade de seus leitores. O maior absurdo da reportagem da Folha foi dizer que o país deseja a permanência de Temer como presidente até 2018 e apenas uma pequena porcentagem quer novas eleições. 

Mas, ao mesmo tempo em que publicava isso, a Folha tinha em mãos os dados que provam que essas afirmações eram 100% falsas, mostrando que, na realidade, o oposto era verdadeiro. A grande maioria dos brasileiros querem que Temer saia do poder, e não que o interino permaneça como presidente. E uma expressiva maioria, não uma parcela ínfima, quer novas eleições.

Nenhuma das desculpas de Dávila resiste sequer ao menor questionamento. Se é jornalisticamente irrelevante saber a porcentagem de brasileiros favoráveis a novas eleições, por que a Folha encomendou a pergunta? Se essa pergunta sobre novas eleições é irrelevante, por que esse dado foi não apenas incluído, mas proeminentemente destacado pelo Datafolha no título do relatório original? Por que, se esse dado é irrelevante, o Datafolha o publicou originalmente e depois o retirou do ar em nova versão que excluía essa informação? E como esse dado pode ser considerado jornalisticamente irrelevante pela Folha quando ele contradiz diretamente as afirmações alardeadas na capa do jornal e, em seguida, reproduzidas pelos maiores jornais do país?

Outros meios de comunicação também consideraram esses dados relevantes. Ontem à noite, a edição brasileira do El País publicou um artigo de destaque com a manchete: “62% apoiam novas eleições, diz dado que Datafolha publica agora”. O El País aborda o ocorrido tanto como um escândalo jornalístico, quanto político, descrevendo como a Folha escondeu esses dados até serem encontrados em consequência de nosso artigo. O jornal também publicou outra matéria citando especialistas que corroboraram as posições de nossos entrevistados, criticando veementemente a Folha pelo uso impróprio dos dados da pesquisa.


Fica extremamente óbvio o que realmente aconteceu: a Folha de São Paulo fez alegações falsas sobre as questões políticas relevantes do país e, além disso, sabiam que eram falsas quando as publicou. A Folha tinha em mãos os dados que comprovam a falsidade das alegações, mas optou por efetivamente escondê-las de seus leitores. Ou melhor, alguém decidiu por tentar retirá-los da Internet.

O mais surpreendente é que todo esse esforço foi feito para negar o desejo de democracia: fazendo o país acreditar que a maioria dos brasileiros apoiam a figura política que tomou o poder de forma antidemocrática e que não há necessidade de realizarem-se novas eleições, quando a verdade é que a maioria do país quer a renúncia do “presidente interino” e a realização de novas eleições para escolha de um presidente legítimo.

Conforme dissemos ontem, é impossível estabelecer se a Folha agiu de forma proposital com o intuito de enganar seus leitores ou com extrema incompetência e negligência jornalísticas – embora as evidências sugerindo aquela possibilidade sejam mais abundantes hoje que ontem. Motivos à parte, é indiscutível que a Folha essencialmente enganou seus leitores no que diz respeito a questões políticas cruciais e escondeu provas fundamentais apenas publicadas após serem pegos em flagrante.

Traduzido por Inacio Vieira
FONTE: https://theintercept.com/2016/07/21/a-fraude-jornalistica-da-folha-e-ainda-pior-surgem-novas-evidencias/

MÍDIA: Pesquisa Datafolha, fraude informativa ou erro de avaliação?

Um dos mistérios mais obscuros da crise política que atingiu o país nos últimos meses (conforme relatado inúmeras vezes pela Intercept ) tem sido a ausência completa de pesquisas de opinião nos grandes meios de comunicação e órgãos de pesquisa do país. Há mais de três meses, no dia 17 de abril, a Câmara dos Deputados votou em favor de enviar ao Senado Federal o pedido de impeachment da presidente democraticamente eleita, Dilma Rousseff, resultando na investidura temporária de seu vice-presidente, Michel Temer, como “presidente interino”.

Desde a posse de Temer, o Datafolha – instituto de pesquisa utilizado pelo maior jornal do país, Folha de São Paulo  – não havia publicado pesquisas de opinião sobre o impeachment da presidente, nem sobre o impeachment de Temer, e nem mesmo sobre a realização de novas eleições para presidente. A última pesquisa do instituto antes da votação do impeachment foi realizada em 9 de abril e apontava que 60% da população apoiava o impeachment de Dilma, enquanto 58% era favorável ao impeachment de Temer. Além disso, a sondagem indicou que 60% dos entrevistados desejavam a renúncia de Temer após o impeachment de Dilma, e 79% defendiam novas eleições após a saída de ambos.

Glenn_ibope-540x362A última pesquisa de outra grande empresa do setor, o Ibope, foi publicada em 25 de abril, e concluiu que 62% desejavam que Dilma e Temer saíssem e que novas eleições fossem realizadas; 25% queriam a permanência de Dilma e a conclusão de seu mandato; e apenas 8% eram favoráveis a situação atual: com suspensão de Dilma e Temer como presidente interino. Essa pesquisa, mesmo sendo negativa para Temer, foi realizada há algum tempo, em abril deste ano.

De forma surpreendente, mesmo três meses depois da entrada de Temer, a poucas semanas da votação final do impeachment de Dilma no Senado e com toda a atenção do mundo voltada para o Brasil por conta das Olimpíadas, nenhuma pesquisa havia sido publicada até o último final de semana. No sábado, a Folha de São Paulo anunciou uma nova pesquisa realizada pelo Datafolha que se demonstrou, ao mesmo tempo, surpreendente e positiva para o presidente interino, Michel Temer, além de apresentar uma grande variação com relação a pesquisas anteriores. A manchete principal impressa pela Folha, que rapidamente se alastrou pelo país como era de se esperar, dizia que metade do país deseja que Temer permaneça como presidente até o fim do mandato que seria de Dilma no final de 2018.

A iminência da votação final do impeachment torna esse resultado (50% dos brasileiros desejam que Temer conclua o mandato de Dilma) extremamente significativo. Igualmente importante foi a afirmação da Folha de que apenas 4% disseram não querer nenhum dos dois presidentes, e somente 3% desejam a realização de novas eleições. O artigo on-line de destaque no sábado:
Glenn_folhapoll-540x475
O jornal também estampou o resultado na primeira página da edição impressa de domingo, a edição de jornal mais lida do país:
Glenn_folhacov-1000x534

Esse resultado não foi apenas surpreendente por conta da ampla hostilidade com relação a Temer revelada pelas pesquisas anteriores, mas também porque simplesmente não faz sentido. Para começar, outras perguntas foram colocadas aos eleitores pelo Datafolha sobre quem prefeririam que se tornasse presidente em 2018 e os resultados apontaram que apenas 5% escolheriam Temer, enquanto o líder da pesquisa, o ex-presidente Lula, obteve entre 21% e 23% das intenções de voto, seguido por Marina Silva, com 18%. Apenas 14% aprovam o governo de Temer, enquanto 31% o consideram ruim/péssimo e 41%, regular. Além disso, um terço dos eleitores não sabe o nome do Presidente Temer. E, conforme observou um site de esquerda ao denunciar a recente manchete sobre a pesquisa da Folha como uma “fraude estatística”, é simplesmente inconcebível que a porcentagem de brasileiros favoráveis às novas eleições tenha caído de 60%, em abril, para apenas 3% agora, enquanto a porcentagem da população que deseja a permanência de Temer na Presidência da República tenha disparado de 8% para 50%.

Considerando todos esses dados, fica extremamente difícil compreender como a manchete principal da Folha – 50% dos entrevistados querem que Temer continue como presidente até o fim do mandato de Dilma – possa corresponder à realidade. Ela contradiz todos os dados conhecidos. A Folha é o maior jornal do país e o Datafolha é uma empresa de pesquisa de credibilidade considerável. Ambos foram categóricos em sua manchete e gráfico principal a respeito do resultado da pesquisa. Curiosamente, a Folha não publicou no artigo as perguntas realizadas, nem os dados de suporte, impossibilitando a verificação dos fatos que sustentam as afirmações do jornal.

Manchete controvertida
Como resultado disso, a manchete – que sugere que metade da população deseja a permanência de Temer na Presidência até 2018 – foi reproduzida por grande parte dos veículos de comunicação do país e rapidamente passou a ser considerada uma verdade indiscutível: como um fato decisivo, com potencial para selar o destino de Dilma. Afinal, se literalmente 50% do país deseja que Temer permaneça na Presidência até 2018, é difícil acreditar que Senadores indecisos contrariem a vontade de metade da população.

Mas ontem (19/7/2016) , os dados completos e as perguntas complementares foram divulgados. Tornou-se evidente que, seja por desonestidade ou incompetência extrema, a  Folha cometeu uma fraude jornalística. Apenas 3% dos entrevistados disseram que desejavam a realização de novas eleições, e apenas 4% disseram que não queriam nem Temer nem Dilma como presidentes, porque nenhuma dessas opções de resposta encontrava-se disponível na pesquisa. Conforme observado pelo jornalista Alex Cuadros hoje, a pergunta colocada deu aos entrevistados apenas duas opções de resposta: (1) Dilma retornar à Presidência ou (2) Temer continuar como presidente até 2018.

Glenn_datafolha1-540x139

Portanto, fica evidente que os 50% de entrevistados não disseram que seria melhor para o país se Temer continuasse até o fim do mandato de Dilma em 2018: eles disseram apenas que essa seria a melhor opção se a única alternativa fosse o retorno de Dilma. Além disso, simplesmente não procede alegar que apenas 3% dos entrevistados querem novas eleições, já que essa pergunta não foi feita. O que aconteceu foi que 3% dos entrevistados fizeram um esforço extra para responder dessa forma frente a opção binária entre “Dilma retorna” ou “Temer fica”. É impossível determinar com base nessa pesquisa a porcentagem real de eleitores que desejam a permanência de Temer até 2018, novas eleições ou o retorno de Dilma. Ao limitar de forma infundada as respostas a apenas duas opções, a Folha gerou as amplas distorções observadas nos resultados.

É totalmente injustificável, por inúmeras razões, que a pergunta tenha sido colocada dessa maneira, excluindo todas as outras opções, com exceção das duas respostas disponíveis. Primeiramente, o Supremo Tribunal Federal  já havia decidido que a votação do impeachment de Temer deve prosseguir, visto que o interino cometeu o mesmo ato que Dilma. Em segundo lugar, diversas figuras de destaque político no país – incluindo o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa e a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, bem como um editorial da própria Folha – se manifestaram em favor de novas eleições para presidente após o impeachment de Dilma. Andréa Freitas, Professora de Ciência Política na Unicamp, disse à Intercept: “como as novas eleições são uma opção viável, deveriam ter sido incluídas como uma das opções”.

E como Cuadros observou, pesquisas anteriores sobre Dilma e Temer, incluindo a pesquisa de 9 de abril do Datafolha, perguntaram explicitamente aos entrevistados a respeito de novas eleições. Portanto, é difícil entender por que essa pesquisa do Datafolha omitiria propositadamente o impeachment de Temer e as novas eleições, e limitar as opções a “Dilma volta” ou “Temer fica”.

Mas o argumento a respeito de limitar as possíveis respostas a apenas duas opções é simplesmente referente à metodologia da pesquisa. O que aconteceu foi muito mais grave. Após ter decidido limitar as opções de resposta dessa forma, a Folha não pode enganar o país fingindo ter oferecido aos entrevistados todas as opções possíveis. Com a omissão desse fato, a manchete e o gráfico principal do artigo da Folha se tornam enganosos e completamente falsos.

É simplesmente incorreto alegar (como fez o gráfico da Folha) que apenas 3% dos brasileiros acreditam que “novas eleições são o melhor para o país”, já que a pesquisa não colocou essa pergunta aos entrevistados. E ainda mais prejudicial: é completamente incorreto dizer que “50% dos brasileiros acreditam que a permanência de Temer seja melhor para o país” até o fim do mandato de Dilma. Só é possível afirmar que 50% da população deseja a permanência de Temer se a única outra opção for o retorno de Dilma.

Mas se outras opções forem incluídas – impeachment de Temer, renúncia de Temer, novas eleições – é praticamente certo que a porcentagem de brasileiros que desejam a permanência de Temer até 2018 caia vertiginosamente. Como observou a Professora Andréa Freitas: “pode ser que 50% da população prefira Temer a Dilma se essas forem as únicas opções, mas parte desses 50% pode ser favorável a novas eleições. Com a ausência dessa opção, não há como estabelecer que essas pessoas prefiram o Temer”.

Isso não é trivial. Não se pode subestimar o impacto dessa pesquisa. É a única pesquisa de um instituto com credibilidade a ser publicada em meses. Sua publicação se deu exatamente antes da votação final do impeachment no Senado. E contém a extraordinária alegação de que metade do país deseja que o Michel Temer permaneça na presidência até 2018: uma manchete tão sensacionalista quanto falsa.

Considere como os resultados dessa pesquisa foram reproduzidos de forma incansável – como era de se esperar – em manchetes de outros grandes veículos do país:
Glenn_uol-540x423

No primeiro parágrafo: “Pesquisa do Instituto Datafolha realizada nos dias 14 e 15 aponta que 50% dos brasileiros preferem que o presidente interino Michel Temer continue no poder até 2018. A volta da presidente afastada Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto foi a opção de 32% dos entrevistados. Os 18% restantes não escolheram nenhum dos dois, disseram não saber ou que preferiam novas eleições”.

Glenn_globo-540x427

Em entrevista à Intercept, Luciana Chong do Datafolha insistiu que foi a Folha, e não o instituto de pesquisa, quem estabeleceu as perguntas a serem colocadas. Ela reconheceu o aspecto enganoso na afirmação de que 3% dos brasileiros querem novas eleições “já que essa pergunta não foi feita aos entrevistados”. Luciana Schong também conta que qualquer análise desses dados que alegue que 50% dos brasileiros querem Temer como presidente seriam imprecisos, sem a informação de que as opções de resposta estavam limitadas a apenas duas.

No fim de abril, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) publicou seu ranking anual de liberdade de imprensa e o Brasil caiu para a 104ª posição, em parte devido à “propriedade dos meios de comunicação continuar concentrada nas mãos de famílias dominantes vinculadas à classe política”. Mais especificamente, o grupo observou que “de forma pouco velada, a mídia nacional dominante encorajou o povo a ajudar a derrubar a Presidente Dilma Rousseff” e “os jornalistas que trabalham nesses grupos midiáticos estão evidentemente sujeitos à influência de interesses privados e partidários, e esses conflitos de interesse permanentes são obviamente prejudiciais à qualidade do jornalismo produzido”.

Glenn_rsf-1024x607

Uma coisa é a mídia plutocrática brasileira incentivar e incitar abertamente a queda de um governo democraticamente eleito. De acordo com a RSF, esse comportamento representa uma ameaça direta à democracia e à liberdade de imprensa. Mas é muito diferente testemunhar a fabricação de manchetes e narrativas falsas insinuando que uma grande parte do país apoia o indivíduo que tomou o poder de forma antidemocrática, quando isso não é verdade.

ATUALIZAÇÃO (feita pelos autores em 21/7/2016): Novas evidências surgiram mostrando que a fraude jornalística da Folha foi ainda pior do que pensávamos quando esse artigo foi publicado. A Folha respondeu a este artigo através de uma notícia.

FONTE: http://observatoriodaimprensa.com.br/monitor-da-imprensa/pesquisa-datafolha-fraude-informativa-ou-erro-de-avaliacao/

JUSTIÇA: Eleitores que estarão no exterior durante eleições devem justificar a ausência

Eleições 2016

A ausência deve ser justificada em até 30 dias após o retorno ao Brasil ou em 60 dias após cada turno

 
Os brasileiros que residem no País e estarão no exterior no período de eleições municipais, que ocorrerão no dia 2 de outubro  e, caso haja segundo turno, também no dia 30 de outubro  devem ficar atentos às obrigações com a Justiça Eleitoral. 
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esses cidadãos devem justificar a ausência em até 30 dias após chegarem no Brasil ou em 60 dias após cada turno, por meio de documentos que comprovem a saída e o retorno ao País. Caso contrário, uma multa será cobrada. 

Para justificar, esses cidadãos devem encaminhar ao Cartório Eleitoral do município onde são inscritos, pelos Correios, requerimento de justificativa junto a uma cópia do documento de identificação brasileiro e a uma prova do motivo. No caso dos eleitores do Rio Grande do Sul ou Santa Catarina, o procedimento pode ser feito pela internet. 

Já aqueles que residem no exterior mas ainda mantêm um município no Brasil como domicílio eleitoral e não poderão votar também devem respeitar tais orientações.

A justificativa pode ser apresentada quantas vezes for necessário e não é obrigatória para eleitores cujo voto é facultativo: menores de 18 anos, maiores de 70 anos e analfabetos. 

Caso o eleitor não justifique três ausências consecutivas e não pague as multas, o título será cancelado e, após seis anos, excluído do cadastro eleitoral. E atenção: cada turno é considerado uma eleição. Os eleitores do Distrito Federal, onde não são realizadas eleições municipais, não precisam prestar contas. 

Zona ZZ
Os eleitores que possuem domicílio eleitoral no exterior não precisam se preocupar. As eleições municipais não são realizadas fora do Brasil  somente para a escolha de presidente e vice-presidente há instalação de urnas e necessidade de justificativa desses eleitores, caso não consigam participar.

A Zona Eleitoral do Exterior, chamada de Zona ZZ, é vinculada ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), que organiza as eleições fora do País junto à consulados ou missões diplomáticas. 

Segundo dados divulgados pelo TRE-DF em 2014, o país onde há maior número de eleitores brasileiros são os Estados Unidos (112.252), seguido pelo Japão (37.638) e Portugal (30.910). Neste ano, há eleitores em 167 países, e o TRE-DF abriu novas seções nos Emirados Árabes, Alemanha, Estados Unidos, Austrália, além de oito outras nações.

Nas eleições presidenciais de 2014, 354.184 brasileiros pelo mundo se cadastraram para votar e urnas foram instaladas em 118 países. Em 2016, o TSE registra 425.517 eleitores em outros países, que representam 0,29% do total.

Em maio deste ano, mais de 1,6 milhão de brasileiros residentes no exterior ainda não haviam atualizado o domicílio eleitoral para a Zona Eleitoral do Exterior. Para simplificar o processo, o TSE disponibilizou o sistema TítuloNet, em que o cidadão pode agendar a regularização do título. 

Quando o sistema foi lançado, havia cerca de 38 mil expatriados aguardando análise de documentação física para alistamento eleitoral. As transferências podem ser feitas até 150 dias antes do 1º turno das eleições. Mais informações estão disponíveis no site do TRE-DF.

Fonte: Portal Brasil, com informações do Tribunal Superior Eleitoral e do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal
 

DEFESA: Marinha faz buscas para encontrar piloto que se acidentou em Saquarema

http://f.i.uol.com.br/folha/esporte/images/16208476.jpeg

A Marinha continua as buscas para encontrar o piloto que desapareceu ontem (26) após o choque entre duas aeronaves da força naval, em Saquarema, na Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro. As equipes de resgate mantiveram a busca durante toda a noite, segundo informações da assessoria de imprensa da Marinha.

O acidente entre os dois caças AF-1B aconteceu durante um treinamento a 100 quilômetros da costa. Durante uma manobra para realizar um ataque simulado, os aviões colidiram. Um dos pilotos conseguiu retornar com segurança à Base Naval de São Pedro da Aldeia, também na Região dos Lagos.

O outro piloto provavelmente se ejetou da aeronave e caiu no mar. Até agora, não há confirmação se os pedaços de fuselagem encontrados no mar pertencem ao avião que caiu ou se são da aeronave que retornou à base. As buscas contam com o apoio do Corpo de Bombeiros.

FONTE: http://www.jb.com.br/rio/noticias/2016/07/27/marinha-faz-buscas-para-encontrar-piloto-que-se-acidentou-em-saquarema/

ECONOMIA: Santander Brasil deve fazer oferta vinculante por ativos do Citi no Brasil


http://www.feebpr.org.br/images/SantanderCiti_070716.jpg

SÃO PAULO (Reuters) - O Santander Brasil deve fazer uma oferta vinculante pelas operações de varejo do Citi no Brasil, que estão à venda, disse nesta quarta-feira o presidente-executivo do banco espanhol no país, Sergio Rial.



"É muito provável que a gente vá", afirmou Rial a jornalistas durante apresentação dos resultados do Santander Brasil do segundo trimestre.

O executivo previu que o Santander Brasil tem espaço para continuar elevando margem com crédito e receitas com tarifas no segundo semestre, dado o melhor cenário prospectivo para a economia brasileira.
Para Rial, esse cenário também deve se refletir em menor risco de crédito da problemática cadeia de óleo e gás e na abertura do mercado para retomada das ofertas de ações.
(Por Aluísio Alves)
 

FONTE: http://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1071QK?feedType=RSS&feedName=businessNews&utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter

POLÍTICA: Ex-comandante da OTAN por trás do golpe fracassado na Turquia

O General John F. Campbell foi uma 'das principais figuras que organizaram e gerenciaram os soldados por trás da tentativa de golpe fracassada na Turquia'


  reprodução

O ex-comandante das forças da OTAN no Afeganistão, o aposentado General John F. Campbell, foi a mente brilhante por trás do golpe militar fracassado na Turquia, relatou o Yeni Safak Daily, citando fontes próximas à investigação.

O General John F. Campbell, 59 anos, era uma “das principais figuras que organizaram e gerenciaram os soldados por trás da tentativa de golpe fracassada na Turquia”, como relatou a edição em inglês do jornal conservador na segunda-feira.

O jornal é conhecido pelo seu apoio leal ao presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que era o alvo da tentativa de golpe.

De acordo com o Yeni Safak, Campbell “também gerenciou mais de $2 bilhões em transações pelo Banco da África (UBA Bank) na Nigéria usando ligações da CIA para distribuir entre a equipe pró-golpe do exército na Turquia”.

O general do exército aposentado já havia supostamente feito “ao menos duas visitas secretas” à Turquia desde maio até o golpe fracassado, o qual as autoridades turcas dizem ter sido realizado pelo que chamam de Organização Terrorista Fethullah (FETO).

O ministro das relações exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, alertou na segunda-feira que as relações com Washington poderiam sofrer se não deportassem o clérigo residente dos EUA, Fethullah Gulen, adversário ideológico de Erdogan. Washington já disse repetidamente que a Turquia deve fornecer provas concretas de quaisquer ligações que Gulen possa ter com a tentativa de golpe antes de qualquer possibilidade de deportação seja discutida.

O Turkish Daily reportou que Campbell tinha reuniões ultra secretas na base militar Erzurum e na base aérea Incirlik na Turquia, adicionando que o general do yankee “dirigiu o processo de seguir/avaliar os oficiais militares nas bases”.

De acordo com o jornal, “milhões de dólares foram transferidos da Nigéria para a Turquia por uma equipe da CIA. O dinheiro, que foi distribuído entre uma equipe especial de 80 pessoas da CIA, foi usado para convencer generais pró-golpe. Depois de tirar dinheiro de suas contas bancárias, o time da CIA entregava pessoalmente para os terroristas com vestimentas de militares”.

O governo turco e o presidente Erdogan estão usando isso como pretexto para botar pressão nos EUA em um esforço para deportarem Gulen, disse Ibrahim Dogus, fundador e diretor do Centro de Estudos Turcos e Desenvolvimento, em Londres para o RT News.

“O presidente Erdogan tem tentado com muito afinco caçar qualquer um que tem conexão ou associação com Gulen nesse momento na Turquia.”

Um total de 13,165 pessoas foram detidas em conexão com a tentativa de golpe na Turquia, disse o presidente Erdogan no domingo. Ele mencionou que 8,838 dos presos são soldados, 2,101 são juízes e promotores, 1,485 são policiais, 52 são autoridades locais e 689 são civis, como relatado pelo Hurriyet Daily. Ele adicionou que 934 escolas, 109 dormitórios, 15 universidades, 104 fundações, 35 instituições de saúde, 1,125 associações e 19 sindicatos foram fechados pois pertencem ao que ele descreveu como “Organização Terrorista Fethullah”.

Uma condenação conjunta de 73 suspeitos, incluindo de Gulen, foi aprovada por um tribunal de Ankara no sábado.

Durante um discurso para o parlamento turco, Erdogan chamou Gulen, seu ex-aliado, de “traidor desonesto”.

“O grupo terrorista FETO, que está abusando dos impostos das pessoas para comprar armas, tanques, aviões de guerra, armas pesadas e usar contra a nação são traidores e desonestos”, disse Erdogan na semana passada, chamando FETO de “um vírus metastaziado”.

Na segunda, o governo turco expediu mandados de prisão para mais de 40 jornalistas suspeitos de terem conexão com o golpe militar fracassado, reportou a NTV.

A Anistia Internacional soou o alarme no domingo, dizendo que juntou “evidências confiáveis” de que as prisões de pessoas em relação ao golpe fracassado foram “sujeitas a espancamentos e torturas, incluindo estupro, em centros de detenção oficiais e não oficiais no país”.

“Relatos de abuso incluindo espancamentos e estupros em detenção são extremamente alarmantes, especialmente dada a escala de detenções que temos visto durante a semana. Os detalhes que documentamos são apenas a superfície dos abusos que podem estar acontecendo em locais de detenção”, disse o diretor da Anistia Internacional na Europa, John Dalhuisen.

FONTE: http://cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FInternacional%2FEx-comandante-da-OTAN-por-tras-do-golpe-fracassado-na-Turquia%2F6%2F36511#.V5jABF_36lQ.twitter

terça-feira, 26 de julho de 2016

JUSTIÇA: A distribuição dos processos no Supremo é realmente aleatória?

Foto: Gil Ferreira/SCO/STF
Recentemente, um cidadão brasileiro pediu ao Supremo o código-fonte do programa de computador que realiza a distribuição aleatória dos processos aos ministros. Usou a Lei de Acesso à Informação (LAI). Em resposta, o Supremo afirmou que a escolha do relator “é feita através de um sistema informatizado desenvolvido pela equipe de Tecnologia da Informação da Corte, o qual utiliza um algoritmo que realiza o sorteio do relator de forma aleatória”. E negou acesso ao algoritmo, tendo em vista a “ausência de previsão normativa para tal.”
 A transparência de dados, dentro ou fora do Judiciário, é pressuposto geral da administração pública. Mesmo sem previsão normativa específica, pela LAI o Supremo está obrigado a franquear o acesso ao código-fonte. A LAI prevê a possibilidade de colocar informações sob sigilo, mas nunca por via da inércia do órgão público. De qualquer forma, o sigilo é explicitamente proibido quando se trata de “informação necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.”
 É difícil imaginar elemento mais decisivo para a tutela de direitos fundamentais do que o mecanismo de escolha do relator dos processos na mais alta corte do país. No Supremo, escolher o relator é quase definir o resultado. A vasta maioria das decisões do tribunal é tomada pelo próprio relator, sem a participação dos colegas. Muitas vezes, o relator controla o timing de suas decisões no processo de maneira decisiva para o resultado da causa. Ou então decide em nome do colegiado descumprindo o precedente deste.
 Mas e do ponto de vista técnico? Haveria razão para o sigilo?
 Computadores são previsíveis. Se você repete uma pergunta, vai receber sempre a mesma resposta. É necessário um programa diferenciado para que a máquina, ao receber a pergunta “Para quem será distribuído esse processo?”, não responda sempre com o nome de um mesmo ministro.
É possível orientar um computador para gerar resultados “aleatórios”. Mas, mesmo nestes casos, a máquina está sempre sujeita às regras da sua programação. Assim, programas tradicionais não permitem respostas ou resultados verdadeiramente aleatórios, porque o sistema estará seguindo sempre as mesmas regras. Estará executando sempre o mesmo algoritmo com a mesma sequência de comandos.
 Mesmo assim, é possível simular aleatoriedade na distribuição de processos. O programa começa com um valor inicial, chamado de “semente”, e segue um padrão a partir daí. Esse ponto de partida pode ser suficientemente complexo para tornar o padrão difícil de ser identificado. Ainda assim, como não é nada mais que um conjunto de regras se repetindo, o algoritmo irá gerar uma distribuição de processos que não é verdadeiramente aleatória. O resultado pode ser imprevisível olhando de fora, mas será sempre previsível do ponto de vista das instruções do programa. Conhecendo a semente, qualquer um poderia prever para qual ministro seria distribuído o próximo processo sobre o impeachment da presidente Dilma ou o próximo inquérito sobre Eduardo Cunha.
Mas quando a semente usada é suficientemente complexa, mesmo algoritmos pseudo-aleatórios são praticamente impossíveis de quebrar. Se for desse tipo, o algoritmo de distribuição aleatória de processos do Supremo estaria vulnerável apenas a entidades com poder computacional semi-infinito, como o Google ou a NSA. Mesmo assim, seria necessário descobrir a semente. Ou seja, uma renovação periódica dela resolveria o problema. O algoritmo poderia ser divulgado sem risco.
 Existem também formas de um computador dar respostas verdadeiramente aleatórias. Nesses casos, nem todo o poder computacional do mundo permitiria prever para qual ministro o próximo processo seria distribuído. Esses algoritmos tornam a engenharia reversa impossível. Eles se baseiam em dados imprevisíveis da realidade, como o ruído atmosférico ou a temperatura ambiente. Há soluções online neste formato, como o site random.org. Neste caso, não importa qual o algoritmo usado, pois o resultado é aleatório independentemente do código-fonte.
Qual dos dois o Supremo usa? Se o método depende do algoritmo é uma escolha muito perigosa, pois permite manipulação. A divulgação do algoritmo nesse caso é o menor dos problemas. Se não se baseia no algoritmo e sim em uma semente complexa ou em algo verdadeiramente aleatório, então o sigilo do código-fonte não faz diferença. De fato, muitos sistemas realmente seguros publicam voluntariamente seu algoritmo para corroborar sua segurança. Os tokens usados pelos clientes de bancos como o Itaú para gerar um número aleatório e garantir a segurança do internet banking são baseados em um algoritmo público. O Bitcoin, que já movimenta milhões no mundo inteiro, também tem seu código fonte divulgado ao público.
 O Supremo poderia fazer o mesmo como gesto de boa vontade, visando assegurar aos brasileiros que a distribuição dos processos é adequadamente aleatória. Ou poderia divulgar o algoritmo apenas para cumprir a Lei de Acesso à Informação.

Por Ivar A. Hartmann Professor da FGV Direito e coordenador do projeto Supremo em Números

TECNOLOGIA: Rumor: além de tela 4K, Galaxy S8 deve vir preparado para realidade virtual

samsung-logo-1424438370054_956x500

Parece cedo para falar do Samsung Galaxy S8 –que possivelmente só será lançado no primeiro bimestre de 2017–, mas já começam a pipocar uma série de rumores a cerca do novo top de linha da sul-coreana.

Ao que tudo indica o aparelho será o primeiro da marca com tela 4K de 5.5 polegadas e, segundo o site Phone Arena, também tende a ser todo adaptado para trabalhar com tecnologias de realidade virtual.

A especulação ganha força diante do nome do protótipo do S8, que foi batizado de “Project Dream''. Qualquer semelhança com a plataforma de realidade virtual do Google “Daydream'' –apresentada pela gigante das buscas em maio deste ano– talvez não seja mera coincidência.

Talvez essa relação justifique a escolha da Samsung por um display de alta resolução. Mas só isso não será suficiente. Também será preciso investir em incrementos no hardware e software.

Mas, do mais, resta-nos apenas esperar para saber se os rumores se confirmarão.

FONTE: http://uoltecnologia.blogosfera.uol.com.br/2016/07/26/rumor-alem-de-tela-4k-galaxy-s8-deve-vir-preparado-para-realidade-virtual/?cmpid=tw-uolnot

NATUREZA: Tarde com temperaturas agradáveis e baixos índices de umidade do ar em SP


https://pbs.twimg.com/profile_images/1310662604/esse_copy_400x400.jpg



26/07/16 16:03 - Terça-feira


A terça-feira (26) se manteve ensolarada e com poucas nuvens desde o amanhecer, ainda sob influência do ar seco que predomina há vários dias em São Paulo. O sistema inibe a formação de nuvens que provocam chuvas e impede o avanço das frentes frias livremente pela parte continental da região.
Hoje a Capital paulista registrou temperatura máxima de 27,1ºC, com as menores taxas de umidade do ar entre 31% e 40%. Foram observadas também, rajadas de vento desde às 11h, que ficaram em torno dos 41km/h. essa condição meteorológica se explica pelo avanço de uma frente fria que ainda está sobre o Sul do Brasil, mas desloca-se rapidamente entre hoje e amanhã pelo Oceano.
TENDÊNCIA PARA OS PRÓXIMOS DIAS:
A passagem de uma nova frente fria com fraca atividade chuvosa pelo litoral de São Paulo, irá provocar aumento da nebulosidade, mudança na direção do vento e novo declínio das temperaturas a partir da quinta-feira (28). A probabilidade de chuvas significativas para a Capital paulista é muito baixa quando da passagem do sistema frontal. Na retaguarda dele, ingressa o ar frio de origem polar que vai trazer o frio. Os termômetros devem registrar temperaturas abaixo dos 10ºC a partir da quinta-feira (28).

Na quarta-feira (27) as mudanças nas condições do tempo começam a ser observadas. A nebulosidade aumenta, principalmente a partir da tarde com a presença das nuvens altas e médias e rajadas de vento com até moderada intensidade, que podem exceder os 50km/h, antes da chegada do sistema frontal. A temperatura máxima fica por volta dos 23ºC, enquanto as taxas de unidade se mantêm entre 45% e 90%. A temperatura mínima prevista é de 12ºC e deve ser registrada no fim da noite.

O amanhecer de quinta-feira (28) será com muitas nuvens e curtos períodos de sol. A madrugada promete ser gelada, com termômetros em torno dos 10ºC. O frio será acentuado pelo vento úmido do Oceano que passa a soprar em direção à faixa leste do Estado paulista. No decorrer do dia o sol predomina entre poucas nuvens, mas a temperatura não sobe muito. A máxima deve ficar por volta dos 29ºC. A simples passagem da frente fria pelo litoral melhora um pouco os índices de umidade do ar, que variam entre 65% e 95%.
FONTE: http://www.cgesp.org/v3/noticias.jsp?id=23318&utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter

NATUREZA: Volume armazenado do Sistema Alto Tietê completa 25 dias em queda

No local onde antes havia água, cavalos são vistos pastando na Represa de Biritba Mirim (Foto: Maiara Barbosa/ G1)



Nesta terça-feira (26), represas operam com 44,7% da capacidade.
Pluviometria do dia é de 0,2 mm.

O volume armazenado do Sistema Alto Tietê segue em queda e nesta terça-feira (26), segundo os dados divulgados diariamente pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), completa 25 dias de baixa. Nesta terça-feira as represas operam com 44,7% da capacidade.

O volume de chuva registrado no mês todo é aproximadamente 86% menor do que a média histórica registrada no período. A pluviometria do dia, segundo a Sabesp, é de 0,2 mm e o acumulado do mês é de 6,8 mm, enquanto a média histórica é de 49,3 mm. 
Na mesma data no ano passado, o volume armazenado das represas era de apenas 18,5%, mas a quantidade de chuva acumulada no mês era de 56,8 mm, cerca de 15% maior do que a média histórica registrada até então, que era de 49,2 mm.

Em junho deste ano, a pluviometria no sistema superou em 152,54%, a média histórica prevista para o mês. De acordo com dados da Sabesp, a média histórica era de 55,2 mm e a pluviometria acumulada no mês alcançou 139,4 mm.
O sistema, que foi usado para socorrer áreas abastecidas pelo Cantareira a partir de dezembro de 2013, chegou a operar com apenas 4,2% da capacidade.
O sistema
De acordo com informações da Sabesp, o Alto Tietê abastece atualmente 4,2 milhões de pessoas em parte da zona leste de São Paulo e nas cidades de Ferraz de Vasconcelos, Poá, Itaquaquecetuba, Arujá, Suzano, Mogi das Cruzes, Mauá (parcialmente) e Guarulhos (parcialmente).
A população atendida pelo sistema saltou de 3,8 milhões de pessoas para 5 milhões em dezembro de 2013 por causa da crise no Sistema Cantareira. Um ano depois de começar a ser usado como reforço do Cantareira, em dezembro de 2014, o sistema chegou a ter apenas 4,2% da capacidade.
Chuva em 2016
Em maio, o volume de chuva superou em 41,6% a média histórica: choveu 106,2 mm, quando a média histórica é de 75 mm.
Chuva em 2015
Ao longo de 2015 o volume de chuvas armazenado nas represas que integram o Sistema Alto Tietê superou a média histórica para o ano em 13%. Choveu 1.619,6 milímetros, enquanto que a estimativa era que chovesse 1.432,3 milímetros. Dezembro terminou com 26,4% mais chuva do que a média histórica. Neste mês choveu 243,8 mm e o esperado era de 192,8 mm.

Novembro terminou com chuva 64% superior à média histórica. O mês de outubro acabou sem que as chuvas atingissem a média história. Ao longo do mês choveu 94,5 mm, 82,2% da média histórica de 115 milímetros.

Em setembro choveu o dobro do esperado para o mês no Alto Tietê. Segundo a Sabesp, a pluviometria acumulada foi de 170,2 mm, 108% superior à média histórica. Após 40 dias em queda, o índice dos reservatórios voltou a subir no dia 8. A média histórica foi superada no dia 9 de setembro, quando, em apenas um dia, choveu 57,3 mm. Esta foi a maior chuva do ano.

As chuvas de agosto foram 49% menores do que o esperado. A pluviometria acumulada ficou em 18,6 mm, quando a média histórica é de 36,7 mm.

Julho chegou ao fim com uma pluviometria 16,6% maior do que a média histórica para o mês, segundo os dados da Sabesp. A pluviometria foi de 57,4 mm e a média histórica para o mês era de 49,2 mm.

Em junho choveu menos do que a média histórica. A pluviometria acumulada no mês foi 31,1% menor do que a média histórica, que é de 55,5 mm.

Já entre fevereiro e maio choveu mais do que a média histórica. Antes de junho, o índice foi inferior à média apenas em janeiro, quando a pluviometria foi 58,7% menor do que a média histórica.

FONTE: http://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2016/07/volume-armazenado-do-sistema-alto-tiete-completa-25-dias-em-queda.html