segunda-feira, 31 de março de 2014

SEM QUADRILHA E SEM FORO ESPECIAL, MENSALÃO DESABA




DILMA: “POR 21 ANOS NOSSOS SONHOS FORAM CALADOS”




50 ANOS DE 1964 DESPERTAM LOBOS EM ‘DEMOCRATAS’




CESAR TRALLI É INVESTIGADO POR ENCONTRO COM DELEGADO




quinta-feira, 27 de março de 2014

Prefeitura de São Paulo comprará imóvel para evitar despejo de ocupação emblemática (SP)

(Divulgação | Original em Rede Brasil Atual)
Por Gisele Brito
Informação foi dada por administração Haddad durante reunião hoje com moradores da Mauá, que completa sete anos. Ação de desapropriação deve barrar reintegração de posse marcada para dia 15
maua herdeiros_danilo ramos.jpgSão Paulo – Depois de sete anos de luta dos moradores, a prefeitura de São Paulo deve desapropriar o edifício ocupado da rua Mauá, no bairro da Luz, região central da cidade. A medida foi informada para os coordenadores da ocupação durante reunião na tarde de hoje (24) pelo secretário municipal de Habitação, José Floriano Neto. “O jogo só termina quando acaba e nós ficaremos atentos até que esteja tudo certo. Mas é uma luz, uma vitória muito grande”, afirma Ivanete Araújo, coordenadora da ocupação e integrante do Movimento Sem-teto do Centro (MSTC).
Na prática, a desapropriação é uma compra. A prefeitura deverá depositar cerca de R$ 11 milhões em uma conta judicial até a primeira semana de abril e, assim, a posse do imóvel passa à administração municipal.
O prazo deve ser cumprido para que a administração Fernando Haddad (PT) possa pedir a suspensão da reintegração de posse do imóvel, marcada para o próximo dia 15. Desde 2012 há um pedido dos proprietários tramitando na Justiça pedindo a saída das famílias. Naquele mesmo ano, os advogados que defendem os moradores do prédio entraram com uma apelação para garantir a permanência no local até que um agravo mostrando irregularidades no processo e a legitimidade da presença dos ocupantes fosse julgado.
Depois disso, sem que os advogados fossem informados, segundo a defensora pública Ana Bueno, um laudo do Corpo de Bombeiros afirmando que “inexistem condições viáveis de habitação no imóvel” foi juntado ao processo, em outubro de 2013. Um mês depois, alegando risco à vida dos ocupantes, o desembargador Simões de Vergueiro, do Tribunal de Justiça, autorizou a reintegração.
Antes de ser ocupado por 237 famílias, o prédio havia passado 20 anos abandonado e os moradores afirmam que, desde 1973, seus proprietários não pagam IPTU. A organização e a resistência dos moradores transformaram a Mauá em uma das mais importantes ocupações da cidade. Em 2012, o grupo de rap Racionais MCs gravou dentro do edifício o clipe da música “Mil Faces de Um homem Leal”, sobre Carlos Marighella, que lutou contra a ditadura (1964-85).
Com a desapropriação, os moradores pretendem reformar as instalações do edifício, que abrigava um hotel. Estudos de técnicos contratados por eles próprios apontaram que é possível viabilizar 160 unidades habitacionais por meio de recursos do programa Minha Casa, Minha Vida Entidades.
A partir daí deve começar uma nova luta para que as 77 famílias restantes sejam incluídas em outros projetos habitacionais. Em outras oportunidades, Floriano também afirmou que apenas 25% da ocupação de prédios ocupados deve ser de pessoas com renda de até três salários mínimos – o restante ficaria na faixa entre três e seis salários.
FONTE: http://pelamoradia.wordpress.com/2014/03/27/prefeitura-de-sao-paulo-comprara-imovel-para-evitar-despejo-de-ocupacao-emblematica-sp/

quarta-feira, 19 de março de 2014

MENSAGEM DE AGRADECIMENTO DEIXADA PELO MSTS


Por considerações iniciais agradecemos a compreensão do Ex. Sr. Dr. juiz de Direito da 1 Vara Cível do Fórum do Tatuapé, outrossim as atuações do Cmte. da Polícia Mílitar, Ministério Público e do Departamento Jurídico de Nossa Entidade na ênfase lograda ao respeito da dignidade da pessoa humana e na defesa da luta pela moradia digna.
Consequentemente salientamos o agradecimento a todos os colaboradores do MSTS na continua batalha das trincheiras pela mesma finalidade = MORADIA
E para o proprietário do imóvel resta-nos dizer:
"A LUTA CONTINUA !!!"

Juiz: Dr. Fábio Rogério Bojo Pellegrino
Cmte. Cel. PM Benedito Roberto Meira
Ao Ilmo. Rep. do Ministério Público do Estado de São Paulo
Adv. Dr. Samuel Vieira de Pinho


FONTE: http://msts.com.br/

domingo, 16 de março de 2014

Sete lições que já deveríamos ter aprendido sobre o golpe de 1964 e sua ditadura

Sete lições sobre o golpe de 1964 e sua ditadura

09/03/2014 - Copyleft 
Antonio Lassance

Há 50 anos, o Brasil foi capturado pela mais longa, cruel e tacanha ditadura de sua história. Meio século é tempo suficiente para aprendermos algo sobre isso.

Há 50 anos, o Brasil foi capturado pela mais longa, mais cruel e mais tacanha ditadura de sua história.

Meio século é mais que suficiente tanto para aprendermos quanto para esquecermos muitas coisas.

É preciso escolher de que lado estamos diante dessas duas opções.

1ª. LIÇÃO: AQUELA FOI A PIOR DE TODAS AS DITADURAS

No período republicano, o Brasil teve duas ditaduras propriamente ditas. Além da de 1964, a de 1937, imposta por Getúlio Vargas e por ele apelidada de "Estado Novo". 

A ditadura de Vargas durou oito anos (1937 a 1945). A ditadura que começou em 1964 durou 21 anos. 

Vargas e seu regime fizeram prender, torturar e desaparecer muita gente, mas não na escala do que ocorreu a partir de 1964.

Os torturadores do Estado Novo eram cruéis. Mas nada se compara em intensidade e em profissionalismo sádico ao que se vê nos relatos colhidos pelo projeto "Brasil, nunca mais" ou, mais recentemente, pela Comissão da Verdade.

Em qualquer aspecto, a ditadura de 1964 não tem paralelo.

 
2ª. lição: QUALIFICAR A DITADURA SÓ COMO “MILITAR” ESCAMOTEIA O PAPEL DOS CIVIS

Foram os militares que deram o golpe, que indicaram os presidentes, que comandaram o aparato repressivo e deram as ordens de caçar e exterminar grupos de esquerda.

Mas a ditadura não teria se instalado não fosse o apoio civil e também a ajuda externa do governo Kennedy.

O golpismo não tinha só tanques e fuzis. Tinha partidos direitosos; veículos de imprensa agressivos; empresários com ódio de sindicatos; fazendeiros armados contra Ligas Camponesas, religiosos anticomunistas. Todos tão ou mais golpistas que os militares.

Sem os civis, os militares não iriam longe. A ditadura foi tão civil quanto militar. Tinha seu partido da ordem; sua imprensa dócil e colaboradora; seus empresários prediletos; seus cardeais a perdoar pecados.

 
3ª. LIÇÃO: NÃO HOUVE REVOLUÇÃO, E SIM REAÇÃO, GOLPE E DITADURA

Ernesto Geisel (presidente de 1974 a 1979) disse a seu jornalista preferido e confidente, Elio Gaspari, em 1981:

"O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento contra, e não por alguma coisa. Era contra a subversão, contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução".

Quase ninguém usa mais o eufemismo “revolução” para se referir à ditadura, à exceção de alguns remanescentes da velha guarda golpista, que provavelmente ainda dormem de botinas, e alguns  desavisados, como o presidenciável Aécio Neves, que recentemente cometeu a gafe de chamar a ditadura de “revolução” (foi durante o 57º Congresso Estadual de Municípios de São Paulo, em abril de 2013).

Questionado depois por um jornal, deu uma aula sobre o uso criterioso de conceitos: “Ditadura, revolução, como quiserem”.

A ditadura foi uma reação ao governo do presidente João Goulart e à sua proposta de reformas de base: reforma agrária, política e fiscal.

4ª. LIÇÃO: A CORRUPÇÃO PROSPEROU MUITO NA DITADURA

Ditaduras são regimes corruptos por excelência. Corrupção acobertada pelo autoritarismo, pela ausência de mecanismos de controle, pela regra de que as autoridades podem tudo.

A ditadura foi pródiga em escândalos de corrupção, como o da Capemi, justo a Caixa de Pecúlio dos Militares. As grandes obras, ditas faraônicas, eram o paraíso do superfaturamento.

Também ficaram célebres o caso Lutfalla (envolvendo o ex-governador Paulo Maluf, aliás, ele próprio uma criação da ditadura) e o escândalo da Mandioca.

5ª. LIÇÃO: A DITADURA ACABOU, MAS AINDA TEM MUITO ENTULHO AUTORITÁRIO POR AÍ

O Brasil ainda tem uma polícia militar que segue regulamentos criados pela ditadura.

A Polícia Civil de S. Paulo, em outubro de 2013, enquadrou na Lei de Segurança Nacional (LSN) duas pessoas presas durante protestos.

A tortura ainda é uma realidade presente, basta lembrar o caso Amarildo.

Os corredores do Congresso ainda mostram um desfile de filhotes da ditadura - deputados e senadores que foram da velha Arena (Aliança Renovadora Nacional, que apoiava o regime).

6ª. LIÇÃO: BANALIZAR A DITADURA É ACENDER UMA VELA EM SUA HOMENAGEM

Há duas formas de se banalizar a ditadura. Uma é achar que ela não foi lá tão dura assim. A outra é chamar de ditadura a tudo o que se vê de errado pela frente.

O primeiro caso tem seu pior exemplo no uso do termo "ditabranda" no editorial da Folha de S. Paulo de 17 de fevereiro de 2009.

Para a Folha de S. Paulo, a última ditadura brasileira foi uma branda (“ditabranda”), se comparada à da Argentina e à chilena.

A ditadura brasileira de fato foi diferente da chilena e da argentina, mas nunca foi “branda”, como defende o jornal acusado de ter emprestado carros à Operação Bandeirantes, que caçava militantes de grupos de esquerda para serem presos e torturados.

Como disse a cientista política Maria Victoria Benevides, que infâmia é essa de chamar de brando um regime que prendeu, torturou, estuprou e assassinou?

A outra maneira de se banalizar a ditadura e de lhe render homenagens é não reconhecer as diferenças entre aquele regime e a atual democracia. Para alguns, qualquer coisa agora parece ditadura.

A proposta de lei antiterrorismo foi considerada uma recaída ditatorial do regime dos “comissários petistas” e mais dura que a LSN de 1969. Só que, para ser mais dura que a LSN de 1969, a proposta que tramita no Congresso deveria prever a prisão perpétua e a pena de morte.

O diplomata brasileiro que contrabandeou o senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil comparou as condições da embaixada do Brasil na Bolívia à do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), a casa de tortura da ditadura.

Para se parecer com o DOI-CODI, a Embaixada brasileira em La Paz deveria estar aparelhada com pau de arara, latões para afogamento, cadeira do dragão (tipo de cadeira elétrica), palmatória etc.

Banalizar a ditadura é como acender uma vela de aniversário em sua homenagem.


7ª. LIÇÃO: JÁ PASSOU DA HORA DE PARAR COM AS HOMENAGENS OFICIAIS DE COMEMORAÇÃO DO GOLPE

Por muitos e muitos anos, os comandantes militares fizeram discursos no dia 31 de março em comemoração (isso mesmo) à “Revolução” de 1964.

A provocação oficial, em plena democracia, levou um cala-a-boca em 2011, primeiro ano da presidência Dilma. Neste mesmo ano também foi instituída a Comissão da Verdade.

A referência ao 31 de março foi inventada para evitar que a data de comemoração do golpe fosse o 1º. de abril – Dia da Mentira.

A justificativa é que, no dia 31, o general Olympio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, em Minas Gerais, começou a movimentar suas tropas em direção ao Rio de Janeiro.

Se é assim, a Independência do Brasil doravante deve ser comemorada no dia 14 de agosto, que foi a data em que o príncipe D. Pedro montou em seu cavalo para se deslocar do Rio de Janeiro para as margens do Ipiranga, no estado de São Paulo.

A palavra golpe tem esse nome por indicar a deposição de um governante do poder. No dia 1º. de abril, João Goulart, que estava no Rio de Janeiro, chegou a retornar para Brasília. Em seguida, foi para o Rio Grande do Sul e, depois, exilou-se no Uruguai  mas só em 4/4/1964. Que presidente é deposto e viaja para a capital um dia depois do golpe?

O Almanaque da Folha é um dos tantos que insistem na desinformação:
“31.mar.64 — O presidente da República, João Goulart, é deposto pelo golpe militar”. Entende-se. Afinal, trata-se do pessoal da ditabranda.

O que continua incompreensível é o livro “Os presidentes e a República”, editado pelo Arquivo Nacional, sob a chancela do Ministério da Justiça, trazer ainda a seguinte frase:

“Em 31 de março de 1964, o comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais, iniciou a movimentação de tropas em direção ao Rio de Janeiro. A despeito de algumas tentativas de resistência, o presidente Goulart reconheceu a impossibilidade de oposição ao movimento militar que o destituiu”.

De novo, o conto da Carochinha do 31 de março.

Ainda mais incompreensível é o livro colocar as juntas militares de 1930 e de 1969 na lista dos presidentes da República.

A lista (errada) é reproduzida na própria página da Presidência da República como informação sobre os presidentes do Brasil.

Nem os membros das juntas esperavam tanto. A junta governativa de 1930 assinava seus atos riscando a expressão “Presidente da República”.  

No caso da junta de 1969, o livro do Arquivo Nacional diz (p. 145) que o Ato Institucional nº. 12 (AI-12) "dava posse à junta militar" composta pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Ledo engano.

O AI-12, textualmente: “Confere aos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar as funções exercidas pelo Presidente da República, Marechal Arthur da Costa e Silva, enquanto durar sua enfermidade”. Oficialmente, o presidente continuava sendo Costa e Silva.

Há outro problema. Uma lei da física, o famoso princípio da impenetrabilidade da matéria, diz que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo – que dirá três corpos. 

Não há como três chefes militares ocuparem o mesmo cargo de presidente da República. Que república no mundo tem três presidentes ao mesmo tempo?

O que os membros da Junta de 1969 fizeram foi exercer as funções do presidente, ou seja, tomar o controle do governo. O AI-14/1969 declarou o cargo oficialmente vago, quando a enfermidade de Costa e Silva mostrou-se irreversível. 

Os três comandantes militares jamais imaginaram que um dia seriam listados em um capítulo à parte no panteão dos presidentes. A Junta ficaria certamente satisfeita com a homenagem honrosa e, definitivamente, imerecida.

Que história, afinal, estamos contando?

Uma história que ainda não faz sentido.

Uma história cujas lições ainda nos resta aprender.


(*) Antonio Lassance é cientista político.

fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Sete-licoes-que-ja-deveriamos-ter-aprendido-sobre-o-golpe-de-1964-e-sua-ditadura/30429

A atualidade de Rosa Luxemburgo, uma economista política

Rosa Luxemburgo foi uma grande oradora, uma célebre e temida polemista, foi economista e uma das grandes intelectuais do marxismo

Michael Krätke, para o SinPermiso
reprodução
Assim vocês a conhecem! Foi uma grande oradora, intervinha com discursos e discussões nas campanhas políticas do movimento social-democrata. Foi uma célebre e temida polemista. E foi uma jornalista tão famosa quanto formidável. 
 
Primeira surpresa: Rosa Luxemburgo foi economista (e uma economista muito política!)
Estudou ciências econômicas na Universidade de Zurique, onde obteve seu doutorado em economia no ano de 1897. Sua tese foi sobre uma questão empírica e politicamente comprometida: as consequências do desenvolvimento industrial da Polônia dentro do Império Russo. 
 
Segunda surpresa: professora na Escola do Partido Social-Democrata de Berlim 
Rosa Luxemburgo ensinou economia política e histórica econômica (de 1907 até 1914). Assim – outra surpresa –, foi professora também, e uma excelente professora. 
 
Terceira surpresa: Rosa Luxemburgo escreveu um volumoso tratado de economia política (marxista)
Escreveu sua magnum opus sobre problemas teóricos de economia política, um livro publicado há mais de cem anos (A Acumulação do Capital, Berlim, 1913) em que argumentava sobre a seguinte questão: como funciona a acumulação de capital (o crescimento e as mudanças econômicas)? 
Como funcionam a escala nacional e internacional, a escala mundial? É preciso responder a essas perguntas se quiser entender ou explicar o fenômeno do “imperialismo”.
 
O que encontramos em A Acumulação do Capital?
* Primeiro: uma discussão muito crítica sobre a análise de Marx da “reprodução ampliada do capital” (3ª seção do Volume II de O Capital);
* Segundo: uma retomada das batalhas teóricas em torno deste problema, antes e depois de Marx; 
* Terceiro: a solução da própria Rosa Luxemburgo para esse problema... uma solução que pretende ser uma contribuição à “explicação econômica do imperialismo”; 
 
- A crítica de Rosa Luxemburgo a Marx
 
* Acumulação significa do crescimento (Rosa Luxemburgo aponta para aquilo que Marx havia denominado “acumulação acelerada”);
*Marx não resolve o “problema de realização”: De onde vem a demanda agregada adicional/ demanda monetária adicional? Quem compra os volumes adicionais das mercadorias produzidas? 
* Marx não mostra a transição da reprodução “simples” para a reprodução “ampliada”;
* Marx não analisou o processo “real”: suas abstrações (da circulação monetária, do mercado mundial) vão excessivamente longe;
 
- A solução de Rosa Luxemburgo
 
* A demanda adicional (dinheiro) vem de fora: a solução de “terceiros”;
* Porém: esses terceiros e sua demanda só podem ser encontrados fora do capitalismo, nas partes não capitalistas do mundo; 
* Logo: a fim de resolver o problema da acumulação, as economias capitalistas (e seus Estados) têm que invadir e ocupar regiões não capitalistas do mundo (“Landnahme”: tomada, ocupação ou saque de territórios);
 
- Como funciona a expansão/ocupação capitalista?
 
* Por várias vias e etapas, como Rosa Luxemburgo se encarrega de mostrar nos últimos 
capítulos de seu livro;
* Mediante a destruição das economias de subsistência, das economias naturais; 
* Forçando os produtores não capitalistas a entrar no mercado econômico mundial;
* Destruindo as economias camponesas e as economias mercantis simples; 
* Com a dívida e o endividamento crescente (por meio do crédito internacional e da 
exportação de capitais);
* Mediante a colonização formal e informal, transformando regiões, países e povos inteiros em súditos das grandes nações capitalistas
 
Começa o debate: Otto Bauer e Anton Pannekoek. A contracrítica de Rosa Luxemburgo:
 
* Contra Otto Bauer (e outros) que criticam a modelização, a análise dos equilíbrios 
dinâmicos e a teoria do crescimento/acumulação;
* A economia política marxista/marxiana deveria explicar a ascensão e a queda do capitalismo real: uma “teoria do desenvolvimento capitalista” deveria determinar os “limites do capitalismo” (internos e externos);
* A teoria da acumulação deveria ser interpretada como uma teoria da crise e da decadência do capitalismo (e não de sua “fusão”);
* A acumulação de capital deveria ser entendida como um processo econômico e político;
 
A relevância de Rosa Luxemburgo
 
A crítica de Rosa Luxemburgo a Marx estava equivocada. 
Nisso, Bauer e Pannekoek tinham razão. Mas: 
* Rosa Luxemburgo desencadeou um dos debates mais importantes em longo prazo na história da teoria econômica marxista;
* Sua ideia fundamental a sobre a expansão em escala planetária do capitalismo era correta 
(como também o grosso de sua análise sobre o real processo de colonização); 
* A grande e intrigante questão é: o que acontece quando o capitalismo se aproxima do MOMENTO LUXEMBURGUIANO?
 
O capitalismo global
 
* Onde estamos agora, um século depois?
* A transformação do sistema capitalista mundial (a Tríade econômica vindoura está incubada).
* Alguns mercados se tornaram globais, outros têm impacto global (mercados financeiros), mas não todos.
* Nenhuma parte do mundo se situa fora do sistema capitalista mundial, mas ainda prevalece uma grande “variedade” de capitalismos.
* Com a descolonização, o novo “imperialismo” do livre comércio, o dinheiro mundial e um punhado de oligopólios enormes; 
* Economias emergentes: China e os BRICS: as potências capitalistas mundiais em ascensão do século XXI;
 
Landnahme capitalista hoje
 
Nas áreas não capitalistas subsistentes dentro das economias capitalistas:
 
* Mercantilização de tudo (as coisas que não são mercadorias, os bens públicos, os comuns); 
* Transformação dos objetos de luxo em bens de consumo massivos; 
* Integração da classe trabalhadora (e até dos mais pobres) à economia do crédito; 
* Transformação do ócio, da família e das atividades comunitárias em atividades comerciais; 
* Estabelecimento de um regime de endividamento permanente da grande maioria (incluindo os EUA).
 
A alternativa de Rosa Luxemburgo: Socialismo democrático e democracia 
econômica
 
Michael R. Krätke é membro do Conselho Editorial do SINPERMISO, é professor de política econômica e direito fiscal na Universidade de Amsterdã. Lá, é também pesquisador associado ao Instituto Internacional de História Social e catedrático de economia política e diretor do Instituto de Estudos Superiores da Universidade de Lancaster no Reino Unido

fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/A-atualidade-de-Rosa-Luxemburgo-uma-economista-politica/7/30465