LÉO ARCOVERDE
DE SÃO PAULO
A Polícia Civil prendeu o jovem identificado como Pierre Ramon Alves de Oliveira, 20, que aparece em imagens como um dos integrantes do grupo que destruiu a entrada da Prefeitura de São Paulo durante os protestos contra o aumenta da tarifa na terça-feira (18).
O rapaz é estudante de arquitetura de uma universidade privada. Ele e o pai e filho trabalham na pequena empresa familiar de entregas. A polícia diz que ele não é ligado a nenhum partido político nem ao Movimento Passe Livre e não tem antecedentes criminais.
No Facebook, o jovem diz ser adepto de artes marciais, como Muay Thai e Jiu-Jitsu, das quais ele compartilha páginas oficiais. Fotos na rede social mostram Oliveira abraçado com amigos, pouco antes dos atos de vandalismo na prefeitura.
Por volta das 17h desta quarta-feira, o jovem prestava depoimento no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). A polícia confirmou que era ele após ouvir testemunhas e confrontar a foto dele com as que constam na página dele em redes sociais.
Após o depoimento do jovem, a polícia deve pedir a prisão temporária dele por dano a patrimônio público e formação de quadrilha. A Folha, porém, apurou com policiais, que Ramon não era líder do grupo, e apenas acompanhou manifestantes que atacaram a prefeitura.
"O menino é trabalhador. Ajuda o pai em uma empresa familiar. É universitário, não se trata de um criminoso", disse um investigador. O rapaz, que não tem passagem pela polícia, está acompanhado de um advogado. A Folha ainda não acesso a ele.
Joel Silva/Folhapress | ||
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Manifestante Pierre Ramon usa grade para quebrar os vidros da prefeitura |
Vestido com uma camisa branca, ele usava uma máscara que protege dos efeitos de gás lacrimogêneo no momento do protesto. Porém, ele abaixou a máscara várias vezes, mostrando o rosto. Ramon não foi, porém, o primeiro a atacar a prefeitura. A Folha estava no local no momento do ato e entrevistou alguns dos agressores. Vários jovens começaram a atirar pedras ao mesmo tempo. Ramon usou uma barreira metálica para quebrar vidros da entrada.
O protesto de ontem começou de forma pacífica na praça da Sé, mas um grupo mais exaltado atravessou a grades que faziam o isolamento na frente da prefeitura e atiraram objetos contra os guadas-civis que faziam um cordão na frente do prédio. Ao menos dois guardas ficaram feridos.
Houve ainda pichações ao prédio da prefeitura e bandeiras hasteadas na frente do prédio foram arrancadas. Mais tarde, um grupo de pessoas ainda depredou e saqueou lojas da região central. Até a madrugada, ao menos, 63 pessoas tinham sido detidas.
'Ele achou que era o dia dele', diz delegado sobre jovem que apedrejou Prefeitura de SP
O delegado do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), Antônio de Olim, disse que Pierre Ramon Alves de Oliveira, 20, insuflou os outros manifestantes para que apedrejassem a prefeitura.
"Ele é arrogante. Estava na manifestação, todo fortinho, lutador de jiu-jitsu. Achou que era o dia dele e começou a quebrar tudo", disse Olim. De acordo com o policial, ele machucou guardas após atirar pedras.
Oliveira se entregou num posto de gasolina na marginal Tietê, na região do Pari. Ele estava na área junto com o pai, fazendo uma entrega de máquinas --pai e filho trabalham na pequena empresa familiar de entregas.
Ao se entregar, o jovem tinha manchas de graxa na camisa, consequência do trabalho. Ele decidiu fazer isso depois que policiais foram até a casa de Oliveira e conversaram com a mãe dele.
Desesperada, ela ligou para o filho, que decidiu parar no posto após conversar por telefone com um dos policiais. Pierre Ramon Alves de Oliveira nasceu em Garanhuns (PE). Segundo o advogado dele, Gerson Belani, ele chorou ao depor.
"Eu atirei pedra depois que os guardas jogaram spray de pimenta no rosto das pessoas. Fiquei revoltado", disse Oliveira, segundo seu advogado Gerson Belani.
Segundo o defensor, ele se arrependeu depois que viu a quantidade de jornalistas que fotografavam e filmavam a cena. Ainda não há decisão sobre o pedido de prisão de Oliveira.
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