Deputada passou o fim de semana na Bahia e não revelou posição.
Aliados e adversários vão disputar chance de votar em caso de ausência.

A deputada federal Tia Eron (PRB-BA) manteve o silêncio durante o fim de semana e continua a ser considerada detentora do “voto decisivo” na análise do processo de cassação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A votação do parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que recomenda a perda do mandato, está marcada para às 14h30 desta terça (14).
Tia Eron passou o fim de semana na Bahia e não atendeu a telefonemas da imprensa. Aliados e adversários de Cunha dizem que não conseguiram entrar em contato com ela. Por meio de sua assessoria de imprensa, a deputada disse que só falará após a votação, para evitar “especulações”, mas garantiu que vai comparecer ao Conselho de Ética na sessão de terça para votar o parecer.
O placar está apertado entre os que defendem que o peemedebista perca o mandato e os que são contrários a essa punição. Pelos cálculos de adversários de Cunha, se Tia Eron votar contra o relator, que pede a cassação, o placar deverá ficar em 11 votos a 9 a favor do presidente afastado. Essa hipótese leva à derrubada do parecer.
Se ela votar com o relator, o placar ficará empatado em 10 a 10, e o voto de minerva caberá ao presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), que já se disse a favor da cassação.
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) disse que tentou, sem sucesso, conversar com Tia Eron na semana passada. “Espero que a Tia Eron vote conosco. Os caras não precisam esperar Eduardo [Cunha] ou a mulher dele [Cláudia Cruz] ser presa. Ele deve virar réu na semana que vem já, no Supremo, pelas contas na Suíça. Meus colegas estão querendo tampar o sol com a peneira”, afirmou.
Cunha é acusado no Conselho de Ética de mentir à CPI da Petrobras quando disse, no ano passado, que não possui contas no exterior. Posteriormente, ele foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal sob a acusação de usar contas mantidas na Suíça para receber dinheiro de propina de contratos da Petrobras. O STF deve decidir na próxima semana se aceita a denúncia e abre ação penal.
Disputa entre suplentes
Se Tia Eron não comparecer à sessão desta terça do Conselho de Ética, quem vota é o suplente do mesmo bloco partidário que primeiro registrar presença.
Segundo o deputado Marcos Rogério, o grupo que defende a cassação de Cunha se organizou para que o deputado Mandetta (DEM-MS), que é suplente da comissão, chegue cedo para tentar registrar presença.
O relator afirmou, porém, esperar que Tia Eron compareça e vote pela cassação. “Se ela votar de acordo com as provas, não tenho dúvida de que será pela cassação”, disse.
Já o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais aliados de Cunha, disse que também chegará cedo para tentar registrar presença. Ele também é suplente. “Estou convicto de que a punição deve ser menos grave que a cassação. Acho que essa posição vai prosperar”, afirmou.
Renúncia
Uma das estratégias dos aliados de Cunha para convencer os colegas a preservar o mandato do peemedebista é sugerir que ele renuncie à presidência da Câmara. Marun afirmou que conversará com Cunha sobre a possibilidade de ele deixar o comando da Casa, caso a maioria do Conselho de Ética rejeite o relatório de Marcos Rogério.
Se Cunha renunciar à presidência da Câmara, será necessária uma nova eleição para escolher um sucessor. Para o peemedebista, caso consiga manter o mandato, Cunha deve pensar no “bem” da Câmara e evitar que a Casa continue sendo presidida interinamente por Waldir Maranhão (PP-MA), que não conta com apoio nem da base nem da oposição.
"Após o resultado do Conselho de Ética, é possível que eu trabalhe para que ele reavalie sua posição em relação à presidência da Câmara. É possível que eu converse com ele a esse respeito", disse Marun.
"Entendo que, se a Câmara entender que Eduardo Cunha tem o direito de permanecer com seu mandato e exercer sua ampla defesa nessa condição, entendo que ele também deva ter um pensamento mais positivo em relação à Câmara. Maranhão como presidente interino atrapalha a Câmara”, complementou.
fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/06/com-voto-decisivo-em-processo-de-cunha-tia-eron-mantem-silencio.html
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