
Ex-companheiro da presidente no movimento estudantil, secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, contesta a redução das tarifas. Segundo ele, falta gestão ao governo e, em especial, ao setor elétrico
20 DE JANEIRO DE 2013 ÀS 12:05
247 - Nos anos 60, os jovens José Aníbal e Dilma Rousseff estavam do mesmo lado. Ambos militavam na Polop – Política Operária, em Belo Horizonte, que foi um dos principais movimentos de combate à ditadura militar. Hoje, estão em campos opostos, mas continuam amigos. Enquanto Dilma liderou o movimento pela redução das tarifas de luz, Aníbal, como secretário de energia de São Paulo, foi seu principal opositor. Em entrevista à revista Época, ele explicou sua posição. Confira, abaixo, alguns pontos do depoimento ao jornalista Alberto Bombig:
A política do governo federal
O governo tem cometido alguns erros na política para o setor de energia que são evidentes. A forma de contratação, leilões únicos, o preço, a centralização em Brasília, a organização dos investimentos. Por exemplo, o governo contratou muita energia eólica e não tem como transportar. É um absurdo isto, neste momento: você ter energia disponível e não ter transporte. Assim como a energia do rio Madeira, que as linhas também estão atrasadas. É tudo falta de planejamento. O governo estava agindo por impulso, mas ocorreu um problema de escassez de chuva e tudo isso veio à tona. O lado bom é que isso propicia o debate.
A MP579, que reduziu as tarifas
O governo, de maneira surpreendente, se fecha ao debate. Há uma certa postura autocrática: nós achamos e é assim que tem de ser. O governo surpreendeu com a Medida Provisória 579. Primeiro, positivamente, para reduzir o preço da energia. Depois, negativamente, com o modo como quis impor essas regras às concessionárias. E impôs a aquelas que dependem dele e a aquelas nas quais ele é o acionista majoritário, como a Eletrobrás. Depois, recuou no caso das empresas de transmissão. No que se refere a algumas empresas estaduais, não houve nenhum diálogo. Em São Paulo, onde reconheceram ativos que não estavam reconhecendo e propuseram uma tarifa adequada, nós assinamos o acordo, no caso da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia S/A). No caso da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), tentamos várias negociações, vários procedimentos que permitissem uma transição, mas nada foi admitido. Agora, o próprio governo federal está reconhecendo que queria jogar para o Tesouro paulista uma conta que agora o Tesouro nacional vai bancar, porque eles estão dizendo que vão ter de colocar R$ 3 bilhões por ano para garantir essa redução. Era o que eles queriam que São Paulo colocasse, mas, para isso, São Paulo teria de tirar do saneamento, da segurança, da educação. Seria para cobrir os ativos que não seriam compensados caso o Estado tivesse assinado o acordo.
O apagão de 2001
Energia tem de ser um investimento permanente, que você não pode inibir a favor de qualquer outro procedimento, até mesmo da modicidade tarifária. Há quem diga hoje que essa redução na tarifa já estará totalmente absorvida pelo aumento que virá até o ano que vem. Você concede com uma mão e tira com a outra. O que nos faltou naquele momento foi justamente o planejamento estratégico. Faltou também uma reserva maior para uma contingência como esta, de falta de chuvas.
A redução das tarifas
Do modo como foi feito, tem um inequívoco viés político. Eu não tenho temor nenhum de encarar esse debate. Um país não se constrói com sacadas eleitorais. Um país se constrói com posições estruturantes. O que deu rumo ao Brasil? O Plano Real.
fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/economia/91156/Amigo-de-Dilma-An%C3%ADbal-critica-modelo-el%C3%A9trico.htm
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