Jornalista de Honduras denuncia abusos, ameaças e intimidações em seu país
Luiz Gustavo Pacete | 11/01/2013 17:15
No ano passado, Honduras ficou em 6º lugar no ranking de países com maior número de jornalistas mortos. O levantamento da Press Emblem Campaign (PEC) apontou que seis jornalistas foram assassinados naquele país. Além das mortes, os profissionais de imprensa sofrem com a corrupção e as intimidações vindas, principalmente, da polícia.
Itsmania Pineda
A jornalista e ativista Itsmania Pinedo foi citada há dois dias no relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) por estar recebendo ameaças de morte e ataques em seu blog.
Tudo começou quando a jornalista denunciou abusos por parte da polícia contra crianças em situação de vulnerabilidade. Desde então, passou a receber várias ameaças, interceptações e tentativas de agressão. Dois colegas próximos dela foram assassinados.
Tudo começou quando a jornalista denunciou abusos por parte da polícia contra crianças em situação de vulnerabilidade. Desde então, passou a receber várias ameaças, interceptações e tentativas de agressão. Dois colegas próximos dela foram assassinados.
Em entrevista à IMPRENSA, a jornalista fala sobre sua situação e afirma que está cada vez mais difícil ser jornalista em uma sociedade com altos índices de violência urbana, corrupção e departamentos do governo ligados a grupos criminosos.
IMPRENSA – Desde quando começou a ser perseguida e ameaçada?
Itsmania Pineda Platero – No ano de 2005, trabalhando como porta-voz da organização Xibalba eu tive que denunciar a violência contra os direitos humanos de crianças em áreas de conflito. Essas denúncias eram feitas contra um policial que brincava de roleta russa com crianças. Depois disso, o escritório de direitos humanos da entidade foi visitado por sujeitos encapuzados, o que para mim são supostos policiais, versão que a polícia nunca desmentiu. Em 2008, a perseguição e as ameaças foram cada vez maiores, se convertendo em uma campanha sistêmica de perseguição contra mim e os membros da organização.
Como a Justiça está lidando com o seu caso?
Durante esse período eu iniciei um processo na justiça hondurenha assumindo minha responsabilidade pelas denúncias. Mesmo assim foi determinado que o policial tinha autorização para seguir todos meus passos e acompanhar minha vida. Mas para a polícia, a invasão de nossa sede não foi uma tentativa de assassinato, mas somente abuso de autoridade. Depois disso, o policial abriu um processo contra mim de difamação, calúnia e desprestígio.
Alguma ameaça se concretizou?
Desde o momento em que meu escritório foi fechado tive de conviver com várias tentativas de sequestro. Em uma ocasião, policiais identificados quiseram me algemar e me levar em um ônibus. Não conseguiram. Eu recebi a ajuda de pessoas que estavam próximas. Simultaneamente a isso, suspenderam as medidas de segurança que eu vinha recebendo por parte do governo. Os agentes de polícia disseram que se eu quisesse deveria contratar seguranças privados.
Você continuou com com as denúncias?
Me impediram de todas as maneiras possíveis. O blog onde eu escrevia sobre tráfico de pessoas foi atacado com material de pornografia infantil. No meio dessa confusão toda perdi dois amigos que foram mortos, isso me causou um grande impacto. Por isso, tomei a decisão de obter ajuda do Coletivo de Mulheres Jornalistas e de algumas entidades. Com essa divulgação e a projeção que ganhou o caso fora do país, essas ameaças diminuíram.
Outros jornalistas estão vivendo a mesma situação?
Sim. E é o reflexo do que acontecem com muitos colegas que sabem que seus inimigos estão trabalhando nos mesmos lugares e outros até mesmo foram premiados com promoções ou postos de confiança. Dificilmente Honduras vai alcançar níveis amplos de democracia e justiça enquanto nossos governantes não derem respostas às exigências dos comunicadores sociais. Meus companheiros me disseram que não falam por medo de perder a vida.
Quem mais persegue jornalistas?
A polícia. Agentes ligados a grupos criminais e que operam com outras pessoas do Ministério Público para beneficiar corruptos.
fonte: http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/internacional/56075/jornalista+de+honduras+denuncia+abusos+ameacas+e+intimidacoes+em+seu+pais
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